Empresários espanhóis que deram um iate de presente ao rei Juan Carlos em 2000 pedem agora que o bem, avaliado em 21 milhões de euros, seja devolvido, depois de o monarca ter decidido abrir mão da embarcação devido ao atual contexto de crise econômica. "O rei tomou a decisão de pedir ao Patrimônio Nacional (entidade pública da Espanha que administra os bens do Estado que são usados pela família real) para liberar o bem", anunciou a Casa Real há duas semanas. Com uma saúde debilitada, o monarca usava pouco o iate, que tem altos custos de manutenção, considerados contrastantes com as políticas de austeridade aplicadas pelo governo espanhol na luta contra a crise.
O "Fortuna", de 41,5 metros de comprimento, foi comprado graças a uma arrecadação de vários empresários das Ilhas Baleares, com o objetivo de garantir a presença da família real nesse arquipélago mediterrâneo como atrativo turístico.
A Fundação de Turismo e Cultura das Ilhas Baleares enviou no começo da semana uma carta ao Patrimônio Nacional, pedindo para recuperar o iate.
"A decisão de doar a embarcação foi tomada para que o rei e os membros da família real pudessem utilizá-la. Já que essa finalidade não será mais atendida, o Conselho da Fundação decidiu, por unanimidade, pedir a devolução do iate", alegou a Fundação em sua declaração.
O objetivo da Fundação é usar a embarcação para "continuar desenvolvendo atividades de âmbito social e cultural, bem como fazer a promoção turística das ilhas", declarou a presidente da Fundação, Carmen Matutes, à rádio Onda Cero.
De acordo com um porta-voz, o Patrimônio Nacional está estudando a solicitação dos empresários da região e a entidade deve ceder o iate ao governo espanhol para que tome a decisão de manter ou vender o bem.
Juan Carlos I, de 75 anos, tem visto sua popularidade cair bastante nos últimos meses devido a uma série de escândalos, incluindo um suposto caso de corrupção contra seu filho Iñaki Urdangarin.
A casa real espanhola começou uma campanha de comunicação para melhorar a imagem da monarquia. A medida inclui a publicação dos seus gastos pela primeira vez e a disposição em aceitar uma lei de transparência que o governo está preparando.
