O caso do cartel, porém, está em fase de investigação - ainda não há condenações no Brasil
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou ontem (5) que o escândalo do cartel de trens, que tem o PSDB como principal alvo, é maior, em termos de verbas que teriam sido desviadas, do que o mensalão federal, que tem o PT como principal alvo. “Em São Paulo, os volumes de recursos públicos passíveis dessa acusação são muito, muito maiores do que os recursos públicos em jogo no caso do mensalão”, afirmou o ministro da presidente Dilma Rousseff. No caso do mensalão, escândalo que causou a condenação de 25 pessoas, entre elas o homem forte do primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu, o grosso da verba pública, segundo o Supremo, saiu de contratos de publicidade do fundo Visanet, que tem participação do Banco do Brasil: foram desviados R$ 74 milhões para pagamentos da base aliada do governo. No caso do cartel de trens, a estimativa das autoridades, a partir de informações dadas pela empresa Siemens, que admite a existência do cartel em São Paulo e no Distrito Federal, é que os cofres públicos tenham sido lesados em cerca de R$ 500 milhões. O caso do cartel, porém, está em fase de investigação - ainda não há condenações no Brasil. A declaração de Carvalho foi feita em meio a queixas sobre a reação do PSDB em relação às investigações do cartel em São Paulo - os tucanos dizem que a investigação é partidarizada. “O PSDB está fazendo um jogo de não ir ao ponto, um teatro, se eximindo de dar respostas. Esse tratamento diferenciado é que é inaceitável. No caso do PT, nossos acusados foram condenados antes do STF, publicamente, e agora é o contrário”, disse Carvalho, queixando-se também da imprensa. “Você compara o tratamento que a imprensa tem dado ao caso de São Paulo e ao caso do pessoal do PT, veja a diferença. Tirando (o jornal) O Estado de S. Paulo, não se pergunta pelo crime, se recrimina o acusador.” Genoino O ministro de Dilma, que esteve ontem no Rio, disse temer pela vida do ex-deputado José Genoino, condenado pelo mensalão, caso ele volte para a prisão. “Eu sei dos riscos que ele tem”, afirmou. Ele ainda não visitou os companheiros do PT presos desde o dia 15 de novembro. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou um parecer ao Supremo Tribunal Federal solicitando que Genoino fique mais 90 dias em prisão domiciliar devido aos seus “graves” problemas de saúde.