TRAGÉDIA

Escombros começam a ser removidos do Rio Piracicaba

Três corpos continuam presos na pilastra que ruiu; dois operários estão desaparecidos

Moara Semeghini
moara.semeghini@rac.com.br
03/07/2013 às 17:37.
Atualizado em 27/04/2022 às 15:05

Equipes do Corpo de Bombeiros e máquinas trabalharam durante a tarde desta quarta-feira (3), na operação de retirada dos escombros, para tentar içar as vigas de metal e da pilastra de concreto da ponte que despencou no Rio Piracicaba e deixou pelo menos três operários mortos e dois desaparecidos.

A obra do anel viário de Piracicaba, às margens da rodovia Laércio Corte (SP-147), foi embragada pelo Ministério do Trabalho e Emprego embargou a obra no final da tarde de segunda-feira (1º) mesmo dia do acidente.

Uma máquina cerra as vigas de ferro e o pilar de concreto e retira os destroços. Quando o local é limpo, equipes do Corpo de Bombeiros entram em ação para tentar localizar os trabalhadores desaparecidos.

Um guidaste está no local desde ontem (2) para fazer a retirada da estrutura de concreto que desabou e que, segundo o mergulhador do Corpo de Bombeiros, Cabo Demori, está em cima dos três corpos . O resgate ainda não foi possível pois o pilar pesa cerca de mil toneladas, de acordo com Demori.

O Corpo de Bombeiros recomeçou na manhã de hoje (3) a busca pelos dois trabalhadores desaparecidos. Os corpos de três operários continuam presos embaixo das estruturas.

De acordo com os bombeiros, oito homens trabalharam na operação, com a ajuda de mergulhadores que vasculham o local.

Esse foi o segundo acidente registrado na construção desta ponte – em maio, dois funcionários ficaram feridos após o rompimento de um cabo de sustentação.

O Acidente

Um guindaste que ficava em cima do pilar que cedeu também caiu dentro do rio. A equipe de resgate do Corpo de Bombeiros conseguiu amarrar os dois corpos mas ainda não há como resgatá-los pois estão presos em ferragens e vigas, dentro do rio.

Entre os funcionários resgatados com vida está César Augusto Oliveira Silva, de 24 anos, que deu entrada no ao Centro de Ortopedia e Traumatologia de Piracicaba (COT) de Piracicaba às 9h30. De acordo com o boletim médico, ele tem dores nos joelhos, tornozelos, calcanhar, e apesar de não ter fraturas, teve a perna esquerda imobilizada.

Outros dois funcionários que não correm risco de morrer, Valdomiro Santos Oliveira, de 50 anos; e Vando Luiz Cecílio, de 30, foram atendidos no Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba.

Além dos bombeiros, equipes da Polícia Militar e do helicóptero Águia de Campinas e a Polícia Científica ajudam nas buscas no local.

Parte da estrutura da viga da obra desabou e, provavelmente, os cinco funcionários que estão submersos não conseguiram se soltar do cinto de segurança usado por eles durante o trabalho.

Dois funcionários funcionários que foram resgatados com vida ficaram pendurados pelo cinto de segurança no guindaste.

Os outros desaparecidos continuam sendo procuradores no rio, pelos bombeiros. A concessionária Rodovias do Tietê, responsável pela obra, não tinha informações sobre o que teria causado o acidente.

Inquérito

Um erro na análise do solo onde está sendo construída a ponte do anel viário de Piracicaba foi apontado como a possível causa do acidente, segundo o laudo preliminar divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Piracicaba, na tarde de hoje (1º).

De acordo com o parecer, uma movimentação no solo fez com que a viga de sustentação de concreto, fixada no fundo do Rio Piracicaba e que pesa 1.200 toneladas, cedesse, segundo informação da assessoria do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Ainda de acordo com a assessoria, o resgate dos três corpos que ainda não foram localizados pelos bombeiros deverá ser feito por uma empresa de Santos com mergulhadores especializados para serrar a estrutura de concreto. É possível que estas três vítimas tenham sido soterradas pela viga de concreto.

Os relatórios serão remetidos ao MPT, que vai analisar a responsabilidade da empresa. Outros órgãos devem ser envolvidos na investigação, como a Polícia Civil.

De acordo com informações do MPT, em setembro de 2012 foi aberto inquérito contra a construtora responsável pela obra, a Construtora Tardelli, que chegou a ser embargada devido ao risco de soterramento e uso impróprio de andaimes, na ocasião. Segundo a assessoria de imprensa do MPT, a empresa apresentou as soluções aos problemas apontados e a obra foi desembargada.

Em abril deste ano, fiscal do MTE, apontou novos problemas de segurança, mas não houve interdição da construção do anel viário.

Dados da obra

Segundo informações da assessoria da Rodovias do Tietê, a construtora iniciou a construção do Contorno de Piracicaba em 2011 e prevê sua conclusão no final de 2013. Até o final das obras serão investidos R$ 79 milhões. O Contorno de Piracicaba terá nove quilômetros de extensão, sete viadutos, uma ponte sobre o Rio Piracicaba, uma galeria na estrada do Monte Alegre e dois grandes dispositivos de acesso e retorno.

O tráfego estimado é de 12 mil veículos por dia. A obra do contorno é realizada por empreiteiras contratadas, entre elas a construtora Tardelli, responsável pela construção da ponte sobre o Rio Piracicaba.

Veja também

Obra onde operários morreram é embargada Três, dos cinco operários que caíram no rio Piracicaba, ainda estão desaparecidos Empresa responsável por anel viário já foi multada 40 vezes Desde setembro de 2012, diversas irregularidades foram constatadas em obra da SP-147  

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por