RECIPROCIDADE

EUA dão o troco e expulsam adido venezuelano

Governo declarou 'persona non grata' o encarregado de negócios da embaixada da Venezuela

France Press
correiopontocom@rac.com.br
02/10/2013 às 14:38.
Atualizado em 27/04/2022 às 16:42

O governo dos Estados Unidos expulsou nesta quarta-feira (2) o encarregado de negócios da Venezuela em Washington, assim como outros dois diplomatas, em resposta à expulsão na segunda-feira (30) de três representantes americanos de Caracas. Washington declarou "persona non grata" o encarregado de negócios da embaixada venezuelana, Calixto Ortega, a segunda secretária, Mónica Sánchez, e a chefe do consulado em Houston, Marisol Gutiérrez. Os três receberam prazo de 48 horas para sair do país, segundo uma fonte do Departamento de Estado. "É lamentável que o governo venezuelano tenha novamente decidido expulsar diplomatas americanos com base em alegações infundadas, o que exige ação recíproca", completou a fonte, ao confirmar a expulsão que havia sido anunciada por Caracas. Até o momento não há um pronunciamento oficial de Washington. O governo venezuelano "repudiou" a expulsão de seus diplomatas em um comunicado. "Não se pode considerar esta uma decisão recíproca, ao observar a conduta inequívoca de nossos funcionários, que não ousaram em nenhum momento organizar reuniões com grupos contrários ao governo do presidente Barak Obama ou com pessoas interessadas em atuar contra o governo americano", afirma a nota. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, expulsou na segunda-feira três diplomatas americanos, incluindo a encarregada de negócios, Kelly Keiderling, depois de acusá-los de estimular, ao lado da oposição, supostos atos de sabotagem econômica e elétrica na Venezuela. Kelly, David Moo e Elizabeth Hoffman receberam prazo de 48 horas para deixar o país. "Rejeitamos por completo a alegação do governo venezuelano sobre uma participação dos Estados Unidos em qualquer conspiração para desestabilizar o governo da Venezuela", disse a fonte do Departamento de Estado, reiterando as declarações da porta-voz Jennifer Psaki. Psaki indicou, no entanto, que "de acordo com a Convenção de Viena sobre as relações diplomáticas, os Estados Unidos poderiam adotar medidas de reciprocidade". Também lembrou que os dois países não mantém embaixadores, e portanto o encarregado dos negócios é o mais alto representante nos respectivos países. Keiderling declarou, por sua vez, que "todas as acusações de sabotagem, conspiração, e de que vamos acabar com o mundo, são falsas", reconhecendo ter se encontrado com representantes da sociedade civil venezuelana como parte de seu trabalho diplomático. "Estas declarações são uma confissão da aberta ingerência nos assuntos internos da Venezuela, razão pela qual a funcionária foi declarada persona não grata, segundo comunicado da chanceleria venezuelana. O presidente venezuelano acusa os diplomatas de se reunirem "com a extrema direita venezuelana" para "financiá-los e estimular ações para sabotar o sistema elétrico e a economia" do país. No dia 3 de setembro, uma falha elétrica deixou cerca de 70% do território venezuelano sem luz por várias horas. Além disso, nos últimos meses, a escassez de alimentos e de outros produtos aumentou, o que é atribuído pelo presidente a uma "sabotagem" da oposição. O objetivo seria, de acordo com o governo, promover protestos sociais. Como supostas provas contra os diplomatas, a televisão pública divulgou imagens de jornais que mostram viagens dos americanos ao interior da Venezuela. Mostram ainda listas de passageiros nos voos em que eles estavam e fotografias nos aeroportos. Segundo a emissora, os diplomatas se reuniram com membros de partidos e dirigentes da oposição, entre eles a deputada María Corina, para planejar "ações desestabilizadoras" e "avaliar as estratégias" de olho nas próximas eleições a prefeito de 8 de dezembro. Segundo Psaki, as denúncias se baseiam em uma viagem ao estado de Bolívar que "não teve nada de extraordinário". Os três diplomatas "conduziam suas atividades normais", defendeu. Ambos os países mantêm relações tensas desde o governo do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), mas os americanos continuam sendo os principais compradores de petróleo da Venezuela

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