Os Estados Unidos vivem, neste sábado (20), um dia repleto de manifestações por todo o país em homenagem ao jovem Trayvon Martin e pelos direitos civis.
Os protestos, organizados em centenas de cidades, foram convocados por militantes dos direitos civis que contestam a absolvição de George Zimmerman, acusado de ter matado o jovem negro.
As manifestações deste sábado devem contar com a presença dos pais de Trayvon. A mãe do adolescente, Sybrina Fulton, vai participar de uma marcha em Nova York e o pai do garoto, Tracy Martin, deve fazer o mesmo em Miami.
O veredicto do júri do tribunal de Sanford, na Flórida, ocorreu na semana passada e chegou até a Casa Branca, de onde Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, afirmou na sexta-feira que ele mesmo "poderia ser Trayvon Martin há 35 anos".
A absolvição de George Zimmerman, um vigia de bairro que matou o jovem de 17 anos em fevereiro de 2012, já havia provocado uma série de manifestações na última semana. A sentença trouxe à tona o debate sobre a questão racial e o racismo nos Estados Unidos -- uma ferida que, ao contrário do que se imaginava, continua aberta.
Al Sharpton, importante ativista do movimento negro norte-americano, pediu que o povo se manifeste e anunciou que os protestos ocorrerão em "100 cidades, em frente aos prédios do governo, como forma de pressão para nossos direitos civis sejam protegidos".
Comunidade negra
Durante pronunciamento surpresa na sexta-feira, Obama afirmou que era "compreensível que tenham ocorrido manifestações e vigílias (...) desde que elas continuem pacíficas". "Se eu observar o surgimento de violência, vou lembrá-los de que isso desonra a memória de Trayvon Martin e sua família", preveniu.
O presidente americano optou por não criticar o veredicto dos jurados, que acreditaram que Zimmerman agiu em legítima defesa, ressaltando que o júri é soberano. "Quando o júri se pronuncia, é aí que funciona o nosso sistema", destacou.
Obama falou sobre os efeitos e a "dor" que a sentença provocou na comunidade negra e, adotando um tom muito pessoal, falou sobre a reação que ele teve algumas semanas após a morte do jovem.
"Quando Trayvon Martin foi abatido, eu disse que podia ter sido meu filho. Outra forma de dizer isso é que, há 35 anos, eu poderia ter sido Trayvon Martin", afirmou Obama.
"A comunidade afro-americana percebe estes casos através de um conjunto de experiências, e de uma história que não desaparece", ressaltou o presidente, em alusão à escravidão, abolida há 150 anos, e ao regime de segregação que deixou de existir há 50 anos no sul do país.
Os pais de Trayvon, Tracy Martin e Sybrina Fulton, disseram que ficaram "profundamente honrados e comovidos" com os comentários de Obama. "O presidente Obama vê a si mesmo em Trayvon e se identifica com ele. Esta é uma linda homenagem ao nosso menino", indicaram em um comunicado.
"Buscamos um futuro no qual um menino possa andar pela rua sem se preocupar com que outros o vejam como perigoso pela cor de sua pele ou pelas roupas que usa", acrescentaram.