O ex-chefe de gabinete da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, quando esta era ministra francesa da Economia, Stéphane Richard, está em prisão preventiva como parte da investigação sobre a arbitragem da disputa entre o empresário Bernard Tapie e o banco Crédit Lyonnais em 2008, informaram nesta segunda-feira fontes ligadas ao caso.
Também está em prisão preventiva Jean-François Rocchi, ex-presidente do Consórcio de Realização, entidade que administrava o passivo de banco.
O ex-diretor de gabinete de Lagarde, atual presidente da gigante francesa das telecomunicações Orange (ex-France Telecom), é interrogado sobre o papel e a responsabilidade do Ministério francês da Economia e da Presidência francesa na decisão tomada em 2007 de recorrer a uma arbitragem privada para acabar com o litígio Tapie e o banco francês a respeito da venda da empresa de roupas esportivas Adidas.
A Orange já indicou que Richard continua sendo seu presidente durante sua prisão preventiva.
O ministro francês de Economia e Finanças, Pierre Moscovici, anunciou nesta segunda-feira que o Estado vai se declarar demandante nas próximas horas neste caso.
"Trata-se de representar o Estado, de representar o contribuinte, de representar o cidadão a partir do momento em que surgem elementos novos", acrescentou.
Segundo uma fonte governamental, esta demanda levará provavelmente a um recurso de revisão de arbitragem, que permitiu a Tapie receber 403 milhões de euros em indenizações.
No âmbito deste caso, a justiça francesa declarou no fim de maio a diretora-gerente do FMI testemunha assistida, uma situação intermediária entre a de testemunha e a de acusado.
Os juízes de instrução tentam saber se ocorreram irregularidades no procedimento e determinar as responsabilidades na decisão de recorrer a um tribunal privado. Analisam, em particular, o modo de designação dos juízes do tribunal arbitral e a decisão do governo de não impugnar a arbitragem, embora existissem suspeitas de irregularidade.
A prisão preventiva do ex-chefe de gabinete de Christine Lagarde é decidida doze dias depois do indiciamento de um dos juízes-árbitros, Pierre Estoup, por fraude, o que representou uma guinada espetacular no caso.