PIRACICABA

Funcionário de financeira é morto ao apreender veículo

Luis Marangoni, morador de Campinas, é morto durante busca e apreensão de veículo alienado

Ana Cristina Andrade
ana.andrade@gazetadepiracicaba.com.br
10/07/2013 às 23:02.
Atualizado em 27/04/2022 às 15:16

O cumprimento de um mandado de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (10), em Piracicaba, referente a um veículo com parcelas em atraso, terminou com a morte do funcionário da financeira responsável pelo automóvel. Luis Augusto Bertão Marangoni, de 35 anos, morador de Campinas, foi carregado dentro do carro e depois lançado para fora batendo fortemente com a cabeça e coluna no chão. Antes de ele cair, o motorista do carro que o transportava bateu num outro veículo e a motorista perdeu o controle indo chocar-se contra uma árvore. O acusado é um vendedor de 30 anos que, segundo testemunhas, fez ligação direta no carro porque Marangoni havia tirado a chave. A vítima, de acordo com testemunhas, acompanhava a oficial para apreender o Citröen Picasso preto, ano 2009, de placa EJU 5225, de Piracicaba. Quando localizou o vendedor, na Rua Marechal Deodoro, Marangoni explicou que teria de levar o carro. O vendedor teria pedido para retirar alguns pertences de dentro, inclusive o som."Ele perguntou para a vítima se podia levar o carro para que o som fosse tirado. A vítima respondeu que o carro não poderia sair dali, mas que aguardaria para ele fazer a retirada. A chave de ignição foi tirada por Marangoni", contou uma testemunha.A mulher do acusado, segundo apurou a Gazeta, retirou as coisas que ele pediu e fez isso em mais de uma viagem. Marangoni estaria falando ao telefone quando o acusado deu partida - teria utilizado uma chave de fenda para fazer ligação direta - e quando foi sair Marangoni pulou dentro do carro.Após percorrer dois quarteirões pela rua Bom Jesus até a Saldanha Marinho, segundo testemunhas, o acusado entrou naquela avenida dando 'cavalo-de-pau' e batendo no Honda Civic prata, placa EAS 1703, de Piracicaba, que tinha ao volante a engenheira civil Maria José Ozores Olivetti, de 59 anos. Com a pancada, Maria perdeu o controle da direção e bateu na árvore.Na colisão do Citröen Picasso com o carro dela é que Marangoni foi lançado no chão. O acusado evadiu-se, sentido Avenida Carlos Botelho. Uma testemunha disse que, enquanto ele dirigia e tinha Marangoni dentro do carro, chegou a golpeá-lo. Essa pessoa já se colocou à disposição da polícia e da Justiça.Outra pessoa que viu a vítima no chão garante que ela tinha marcas de agressões num lado do rosto. Porém, só a perícia vai confirmar se houve lesões, além das que foram provocadas pela queda. DesesperoA oficial de Justiça contou ao delegado Wilson Sabino, do 2º DP, que em mais de 25 anos de carreira conviveu com todos os tipos de reações de pessoas intimadas pela Justiça ou até mesmo durante os cumprimentos de mandados, mas jamais imaginou passar por uma situação como a desta quarta-feira. Disse também que correu até o local do acidente e, quando chegou, viu Marangoni sufocado com o sangue que saía até pelos ouvidos.Ela contou que pediu a uma pessoa que a ajudasse a virá-lo de lado, para ver se ele soltava todo aquele sangue, mas não deu tempo. Quem levou Marangoni para a Santa Casa foi uma médica do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e uma enfermeira. Mais tardeSegundo apurou a Gazeta, após o almoço o acusado teria ligado para o banco dizendo que queria devolver o carro, pois estaria arrependido do que havia feito. Foi orientado a procurar a delegacia. Até então, segundo a polícia, ele não sabia da morte de Marangoni.O documento do carro foi bloqueado e o acusado poderá responder também por furto, uma vez que, quando fugiu o carro já era 100% da financeira, segundo a polícia.A polícia está aguardando que ele se apresente a qualquer momento, para prestar depoimento e esclarecer os fatos. O corpo de Marangoni foi levado para Campinas.Delegado quer agilizar inquéritoO delegado do 2° DP, Wilson Sabino, tão logo soube do acidente mandou sua equipe de investigação para as ruas e levantou informações sobre o acusado. Ele não tem passagem pela Justiça, a não ser envolvimento num acidente de trânsito, em 2010, quando dirigia um Fiat Uno e bateu numa motocicleta. “Trata-se de uma ocorrência gravíssima e entendemos que ele (acusado) assumiu o risco de produzir o resultado”, declarou o delegado. “Estamos lidando com hipótese de desobediência, resistência, homicídio e a fuga, pois ele provocou o acidente e se evadiu do local”, acrescentou.De acordo com Sabino, o rapaz cometeu crime contra a administração pública (cumprimento do mandado pela oficial de Justiça), contra a pessoa de Marangoni e um crime de trânsito. Concluído o inquérito, ele poderá pedir a prisão temporária do acusado.

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