Em ano de Copa do Mundo no Brasil, o futebol vira ferramenta de aprendizado nas salas de aula de todo o País. Nas cidades-sede do torneio, as redes municipais de educação já têm parceria com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e com a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) para dois projetos que usam o esporte na grade curricular. O projeto “Fifa 11 pela Saúde” foi implementado em agosto em Curitiba como piloto para as outras 11 cidades-sede. Nele, 32 professores de 15 escolas receberam um treinamento de cinco dias sobre como usar o futebol para ensinar saúde e bem-estar às crianças. Instrutores do México, da Colômbia, de Belo Horizonte e de Curitiba deram o treinamento. Durante 13 semanas, 370 alunos da rede municipal receberam aulas de 90 minutos sobre fundamentos da modalidade e sobre saúde. Agora, entre 3 e 7 de fevereiro, esses docentes farão um novo treinamento para ensinar colegas de profissão de todo o País. No dia 10, eles se dividirão entre São Paulo, Brasília e Natal para treinar 242 professores de Educação Física das redes municipais das outras cidades-sede. No dia 17, o programa começa oficialmente nas escolas, que vão ganhar coletes, cones e cartões de atividades. Os alunos vão ouvir 11 mensagens gravadas de jogadores de futebol, como Lionel Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo e Marta. O projeto foi criado em 2009 e ganhou fôlego na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010. Já foi aplicado na Colômbia, México, Botsuana, Namíbia, Tanzânia e até nas Ilhas Salomão, entre outros países. No Brasil, ganhou apoio dos Ministérios da Educação (MEC), do Esporte, da Saúde e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “Esse projeto começou na África do Sul na Copa e existe até hoje naquele país. A ideia é que se torne fixo nas escolas do Brasil em 2015”, diz o coordenador operacional do projeto no País, Diogo Netto. Redação. Desde o ano passado, a OEI está fazendo em 19 dos 23 países-membros - não participam apenas Cuba, Guiné Equatorial, Porto Rico e Venezuela - um projeto de ensino de valores sociais por meio do futebol, com atividades sobre resolução pacífica de conflitos e trabalho em equipe, por exemplo. Além de uma cartilha para os professores e alunos, a entidade lançou uma competição de redação entre estudantes de 12 a 14 anos desses países com o tema “Uma Copa do Mundo, um Mundo em sua escola”. Os 32 alunos vencedores farão uma viagem ao Rio em abril. No País, concorrem alunos das redes municipais das 12 cidades-sede. Três brasileiros serão selecionados. Rio e Brasília já fizeram suas competições regionais. As demais cidades devem indicar os vencedores até março. “Contratamos especialistas para fazer as atividades pedagógicas e as adaptamos para a realidade dos países. No Brasil, incluímos temas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Secretaria de Direitos Humanos (SDH)”, diz a coordenadora de cooperação técnica da OEI, Cláudia Baena. No Brasil, o projeto tem parceria do MEC e da SDH. Além da bola. A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo participa dos dois projetos. Para o “Fifa 11 pela Saúde” serão indicados 11 professores dos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Todos os alunos da rede podem participar da competição de redação da OEI. Além de alterar o calendário escolar para que as férias coincidam com a Copa e ter metade das creches funcionando no período, a rede usará o tema nas salas de aula. “Com a reforma da educação, trabalharemos focados em projetos. Uma das sugestões é trabalhar com o tema ‘O que rola além da bola’”, diz o secretário, César Callegari.