O governo do Brasil espera resposta de um ofício enviado nesta terça-feira (20), à administração britânica que cobra a devolução do material do brasileiro David Miranda, apreendido quando o companheiro do jornalista Glenn Greenwald, do jornal The Guardian, foi detido no aeroporto de Heathrown, em Londres. Nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores do País, Antônio Patriota, afirmou que, apesar do "forte repúdio" do Poder Executivo nacional à detenção de Miranda, não deve haver retaliações. "Nossa expectativa é de que tenha sido um fato isolado, que não volte a se repetir", afirmou Patriota, para quem então não seriam necessárias medidas contrárias à Grã-Bretanha. A relação entre as duas nações, no entanto, passou por um momento complicado. O ministro das Relações Exteriores do Brasil deixou claro que o País acha que a Inglaterra perdeu espaço para fazer críticas sobre Direitos Humanos e liberdade de imprensa. "Comentei (com o chanceler britânico William Hague) que é um tipo de atitude contraproducente até contra o alegado objeto que é o combate ao terrorismo e que não contribui para uma ação internacional coordenada", disse nesta terça Patriota. "Também comentei que no Brasil há um compromisso muito forte com os direitos civis e liberdades individuais e que isso não pode ser subestimado." Miranda foi detido por nove horas em Londres com base na lei antiterrorismo britânica. Foi solto sem nenhuma acusação formal, mas a polícia reteve computadores, pen drives, hard drives, um smartphone e até um console de jogos eletrônicos que ele levava. A prisão foi considerada pelo jornal pelo Palácio Itamaraty como uma tentativa de pressão sobre Greenwald, que revelou a espionagem dos Estados Unidos sobre as comunicações de todo o mundo.