O governo da Grécia prometeu nesta quinta-feira (19) atuar contra o partido neonazista Aurora Dourada, após o assassinato de um músico por um militante da organização, que tem 18 deputados dos 300 no Parlamento grego. Milhares de pessoas protestaram na noite desta quinta-feira contra os neonazistas em uma periferia popular do oeste de Atenas, perto do bairro de Keratsini, onde o músico antifacista Pavlos Fyssas, de 34 anos, foi assassinado. Cerca de 4.000 pessoas protestaram atendendo à convocação dos sindicatos de trabalhadores, atrás de um cartaz que dizia "Bloqueio ao facismo", na presença da polícia antimotins, comprovou uma jornalista da AFP. "Fora facistas", "Os trabalhadores não têm medo de ameaças", "Erga-se, de pé, não baixe a cabeça, a resistência é o único caminho possível", eram algumas das frases pronunciadas pelos líderes sindicais e repetidas pela multidão. "O governo está determinado a não permitir que os descendentes dos nazistas envenenem a vida social, cometam crimes, intimidem e minem os fundamentos do país que viu nascer a democracia", declarou nesta quinta-feira o primeiro-ministro Antonis Samaras em um discurso exibido na televisão. O assassinato do rapper e militante antifascista Pavlos Fyssas, que foi esfaqueado na madrugada de quarta-feira por um caminhoneiro de 45 anos, que confessou à polícia a suposta filiação ao Aurora Dourada, provocou muitos protestos em Atenas e outras cidades do país, que levaram a confrontos entre manifestantes e policiais. Nesta quinta-feira, as manchetes dos jornais gregos expressavam a consternação provocada no país pelo assassinato do jovem, que foi sepultado nesta quinta-feira em Keratsini, local do homicídio e cenário dos distúrbios mais violentos na quarta-feira. "O assassinato a sangue frio de um cidadão por um simpatizantes do Aurora Doruada deve despertar a todos", afirma o jornal liberal Kathimerini A primeira página do jornal Eleftherotypia (esquerda) estaba de luto: mostra o perfil do rapper assassinado com uma lágrima de sangue. "O monstro do nazismo mata", afirma o jornal Ethnos. Enquanto isso, organizações internacionais fizeram alertas sobre o aumento da violência neonazista e defenderam uma ação do governo. "Este incidente é chocante e intolerável, sobretudo em um país da União Europeia", declarou o líder da bancada socialista no Parlamento Europeu, Hannes Swoboda, poucos meses antes de Atenas assumir a presidência da UE. "Se o governo grego e o primeiro-ministro Antonis Samaras não conseguirem conter o comportamento odioso do Aurora Dourada e de outros grupos fascistas, a presidência (grega) será inaceitável", advertiu. A Anistia Internacional apelou às autoridades gregas que façam o "necessário para impedir a violência cometida pelos atores políticos" e enviem uma "mensagem clara de que atos deste gênero não serão tolerados". As autoridades gregas foram acusadas várias vezes - dentro e fora do país, de tolerância com o Aurora Dourada, um partido xenófobo e antissemita que, depois de entrar no Parlamento, em junho do ano passado, não interrompeu os ataques aos dirigentes políticos e imigrantes. Beneficiado por uma quase total impunidade, o Aurora Dourada consolidou sua posição, com 13% nas pesquisas. Nas eleições legislativas de 2012, o partido recebeu 7% dos votos. O ministro da Ordem Pública Nikos Dendias, prometeu fortalecer os dispositivos legislativos, em particular os que dizem respeito às organizações criminosas e aos grupos armados. Mas analistas destacam que, para além do discurso firme do primeiro-ministro nesta quinta-feira, o governo não adotou nenhuma medida concreta até o momento contra o partido neonazista. Segundo os primeiros elementos da investigação, o drama foi provocado por um grupo de 30 pessoas que esperavam a vítima e seus amigos na salíde de um café onde assistiam uma partida de futebol. Os neonazistas foram chamados como "reforços" por seus colegas dentro do café, segundo testemunhas. O grupo contava com o suposto assassino, que foi detido imediatamente. A promotoria abriu um procedimento penal por homicídio doloso.