CAOS AÉREO

Greve em aeroportos franceses cancela 1.800 voos

Paralisação de controladores de tráfego aéreo é contra projetos da Comissão Europeia

France Press
correiopontocom@rac.com.br
11/06/2013 às 15:17.
Atualizado em 27/04/2022 às 14:34

Uma greve dos controladores de tráfego aéreo franceses forçou nesta terça-feira o cancelamento de um quarto dos voos previstos no país, e levou França e Alemanha a pedirem para Bruxelas suspender seu projeto de liberalização do controle aéreo, que será apresentado durante a tarde no Parlamento Europeu.

Cerca de 1.800 voos - de um total de 7.650 voos por dia - foram cancelados nos aeroportos franceses devido a esta greve, lançada contra os projetos da Comissão Europeia para liberalizar o setor, informou a Direção Geral da Aviação Civil (DGAC).

"Em geral, a situação é bastante calma nos aeroportos", já que as medidas adotadas anteriormente permitem que "apenas os passageiros que podem" embarcar em seu voo estejam no local, indicou um porta-voz do organismo.

A DGAC havia pedido que as companhias aéreas reduzissem à metade seus programas de voo durante a greve nos aeroportos de Paris-Roissy, Paris-Orly, Beauvais, Lyon, Nice, Marselha, Toulouse e Bordeaux.

O Sindicato Autônomo de Controladores Aéreos (SNCTA) pediu o fim das atividades de terça a quinta-feira para denunciar "as consequências diretas na política nacional das obrigações europeias" no setor.

Mas, após a intervenção do ministro dos Transportes, Frédéric Cuvillier, que pediu para a comissão europeia suspender o projeto, o SNCTA saudou uma "evolução encorajadora" e retirou o chamado da greve na quinta-feira.

No entanto, o movimento continuará na quarta-feira, dia que deve ter uma paralisação, em coordenação com sindicatos de países europeus membros da Federação Europeia de Trabalhadores de Transportes, que prevê ações em onze países contra o projeto de Bruxelas de criar um espaço aéreo único na União Europeia.

Os controladores não querem perder 'os olhos e os ouvidos'

O projeto europeu tem como objetivo suprimir as fronteiras nacionais nos ares, triplicar a capacidade do espaço aéreo e reduzir em 50% os custos de gestão do tráfego aéreo.

O comissário europeu de Transportes, Siim Kallas, apresentará na tarde desta terça-feira ao Parlamento Europeu de Estrasburgo propostas para reativar esta reforma, concebida há dez anos e estancada devido às reticências de vários Estados de renunciar a sua soberania sobre o espaço aéreo.

Seu projeto contempla a separação dos organismos de controle aéreo e de seus reguladores, a simplificação do espaço aéreo da UE e a livre concorrência para os serviços de apoio às organizações de controle, como os serviços de meteorologia.

O ministro francês dos Transportes declarou nesta terça-feira que, junto com a Alemanha, pediu à Comissão Europeia que suspenda seu projeto. "A França não apoia esta nova iniciativa da Comissão", disse, explicando que Paris não deseja avançar em direção a uma "separação das funções de regulação e controle".

O ministro afirmou que a aviação civil está aplicando apenas agora uma regulamentação europeia que data de 2009 relativa a um "céu único" e a uma coordenação entre os diferentes serviços de aviação civil, e que esta "ainda não deu todos os seus frutos em matéria de eficácia do sistema para os usuários".

"O que nos gera problemas não é o princípio do 'céu único' destinado a harmonizar a gestão da navegação aérea europeia", o que "não aceitamos é que a Comissão utilize isso para privatizar e forçar a liberalização de um certo número de atividades", declarou à AFP Olivier Joffrin, do sindicato Usac-CGT.

Ele citou a respeito os serviços que se ocupam da manutenção dos radares, que "são os olhos e os ouvidos dos controladores".

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