OPERAÇÃO G7

Grupo usa trânsito com Viana para ter contrato, diz PF

Investigado se valeu do trânsito que mantinha no gabinete do governador do Acre, Tião Viana (PT)

Da Agência Estado
correiopontocom@rac.com.br
16/05/2013 às 09:52.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:56

A Polícia Federal apontou no inquérito da Operação G7 suspeitas de que um dos principais investigados se valeu do trânsito que mantinha no gabinete do governador do Acre, Tião Viana (PT), para vencer uma concorrência no valor de R$ 2,9 milhões para obras no principal hospital de Rio Branco - onde a empresa já trabalhava desde 2010 e tinha problemas para concluir os serviços.

A PF investiga o suposto direcionamento da licitação para reformas do Centro Cirúrgico e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb). A concorrência foi vencida pela empreiteira CIC Construções e Comércio Ltda., que pertence a Narciso Mendes Júnior, um dos 15 presos na operação.

Diálogos gravados pela PF sugerem que a contratação da CIC foi tratada diretamente com o governador e o secretário de Obras, Wolvenar Camargo - também preso na operação -, antes mesmo da abertura da licitação. “Interceptações revelam que a licitação possivelmente foi direcionada para a empresa CIC Construções, tendo em vista que a referida já estava executando obras no Huerb”, relata o inquérito. A CIC já executava serviços no Huerb em 2011, quando Narciso vinha sendo monitorado nos grampos da G7. A empresa foi contratada em março de 2010 para a reforma e ampliação do hospital - um contrato no valor de R$ 5 milhões.

Nas conversas gravadas entre setembro e outubro de 2011 pela PF, o empresário demonstra estar preocupado com o andamento da obra no hospital. No dia 30 de setembro Narciso fala com um homem não identificado e menciona encontro que teria com o governador. “Tô aqui no gabinete do governador pra tentar falar com ele aqui pra resolver o negócio aí do pronto-socorro.”

Viana não foi alvo das investigações, mas, segundo o inquérito, um dos momentos que o poder público local foi “leniente” com o suposto cartel é um diálogo captado no dia 1º outubro de 2011 em que Narciso cita uma reunião com o governador. Após o suposto encontro, o investigado liga para o pai, o ex-deputado Narciso Mendes, e afirma que o governador mandou fazer “uma reserva de recursos” para que a obra do hospital não parasse.

Antes, Narciso conversou com um homem não identificado sobre a mesma reunião e afirma que ouviu do governador referência às obras da UTI no Huerb. A concorrência 173/2011, para reformas no Centro Cirúrgico e UTI, só foi publicada no dia 14 de outubro.

O secretário de Comunicação do Acre, Leonildo Rosas, informou que o governador nunca recebeu qualquer empresário para tratar de contratos ou licitação e que sempre agiu dentro da legalidade. O secretário-adjunto de Obras, Leonardo Freire, informou que por determinação do governador será aberta uma sindicância para irregularidades na contratação da CIC.

O advogado de Narciso, Emilson Brasil,disse que seu cliente é inocente e que se houve direcionamento das concorrências os responsáveis pelas licitações deveriam estar presos.

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