Médicos criaram área com dobro do espaço normal para acomodar os órgãos que vão crescer
O morador de Santa Fé do Sul, Valdir Garcia de Souza, de 26 anos, passou por um transplante raro de rim no Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto na sexta-feira (16). Em um procedimento delicado, a equipe de médicos do Instituto de Urologia e Nefrologia de Rio Preto (IUN) transplantou os dois rins de uma criança de dois anos, que morreu em São Paulo, no lugar de um dos rins de Valdir. “Quando o médico me ligou contando, eu fiquei muito preocupada. Não entendia como uma criança poderia ser a doadora”, contou Maria Aparecida Rocha, mulher de Valdir. A cirurgia, com duração de cinco horas, reuniu 20 profissionais que criaram uma área com o dobro do espaço normal para acomodar os rins, que futuramente, vão crescer e atingir o tamanho de órgãos adultos. “A cirurgia foi excelente. Se tivesse que dar uma nota seria 100”, disse o urologista do IUN, Cléverson D´Avila. Os dois rins primitivos de Valdir não foram retirados. “Ele fica com os rins, porque, apesar de eles não terem a função de filtrar o sangue, eles têm efeito na formação do sangue”, explicou o médico Cléverson. Na história do Instituto, apenas 11 procedimentos como este foram realizados, o último deles em março deste ano. A equipe é uma das únicas no interior que faz o procedimento. Quando há o óbito de uma criança, a prioridade é que os rins sejam doados para outras duas crianças que precisem do órgão. Quando não há receptores compatíveis, entretanto, um adulto pode receber os dois órgãos de uma vez, como aconteceu com Valdir. O paciente, que sofria de insuficiência renal há três anos e passava por hemodiálise três vezes por semana no HB de Rio Preto, agora vai passar pelo processo anti-rejeição e ficar em observação por cerca de 30 dias no hospital.