Essa percepção foi mais forte entre os consumidores com renda mensal de R$ 2,1 mil a R$ 4,8 mil
As manifestações populares que tomaram as principais cidades do País neste mês afetaram a percepção dos consumidores sobre a economia local, mas uma visão menos favorável sobre a situação financeira da família, com inflação e juros à frente, também abalaram a confiança do consumidor, mostra a Sondagem de Expectativas do Consumidor, divulgada nesta segunda-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Essa percepção foi mais forte entre os consumidores com renda mensal de R$ 2,1 mil a R$ 4,8 mil. No geral, o Indicador da Situação Atual Financeira da Família caiu 0,6% em junho, após subir 1,5% em maio. Esse indicador é componente do Índice de Situação Atual (ISA), que caiu 1,5%, puxando o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), com queda de 0,4%, para baixo.
Segundo Viviane Seda, coordenadora da Sondagem de Expectativas do Consumidor, do Ibre/FGV, no caso da situação financeira da família, o maior problema está na percepção sobre inflação e juros, nas preocupações dos consumidores desde o início do ano.
"A situação financeira tem mais a ver com inflação e juros. Os dados não mudam na comparação entre os dois decênios", diz Viviane, referindo-se aos períodos de 31 de maio a 10 de junho e de 10 a 19 de junho.
As expectativas dos consumidores para a inflação, embora não entrem na composição do ICC, deram um salto, de 6,6%, em maio, para 7,2%, em junho. Se no mês passado a expectativa de 6,0% foi a que mais recebeu respostas, neste mês prevaleceu a aposta em 7 0%. Já para os juros, apenas 3,8% dos entrevistados na sondagem apostam em queda nas taxas - a pergunta se refere a taxas de juro em geral, não especificamente à Selic.
Por outro lado, um dado positivo destacado por Viviane foi a percepção sobre mercado de trabalho. A sondagem vinha mostrando preocupação dos consumidores em relação ao emprego, embora os índices de desemprego estejam nas mínimas históricas. Agora, subiram tanto o Indicador de Emprego Atual quanto o de Emprego Futuro. "Isso é um sinal positivo da pesquisa", diz Viviane.