DAMASCO

Israel ataca Síria para destruir armas químicas

Na madrugada deste domingo (5), mísseis israelenses atingiram um centro de pesquisas militares

France Press
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04/05/2013 às 22:30.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:45

A aviação israelense atacou o território sírio em duas ocasiões nas últimas 48 horas, informaram as redes de TV americanas e a agência oficial de notícias Sana.

Na madrugada deste domingo (5), mísseis israelenses atingiram um centro de pesquisas militares em Jamraya, na região de Damasco, segundo a agência Sana, que não citou mortos ou feridos.

Imagens da TV local mostraram uma série de violentas explosões sobre Jamraya, que permanecia sem luz.

Em janeiro passado, Israel já havia bombardeado o centro de pesquisas militares de Jamraya

A TV síria confirmou o ataque afirmando que a "agressão israelense visa a aliviar a pressão sobre os terroristas em Ghuta do Leste", região do subúrbio de Damasco.

Mais cedo, a rede de televisão americana CNN informou que "agências americanas e ocidentais de inteligência obtiveram informações confidenciais indicando que Israel executou um ataque aéreo entre quinta e sexta-feira" contra o território sírio, após aviões de combate deste país sobrevoarem o Líbano.

De acordo com a rede NBC, "o principal alvo de Israel era uma carregamento de armas destinado ao Hezbollah, no Líbano", referindo-se ao movimento xiita libanês, inimigo de Israel.

Um alto funcionário americano indicou a essa rede de notícias que o ataque visava sistemas de lançamento de armas químicas, mas outras autoridades consultadas pela CNN questionaram a informação.

No Líbano, uma fonte diplomática revelou à AFP que o ataque destruiu mísseis terra-ar fornecidos recentemente pela Rússia, que estavam armazenados no aeroporto de Damasco.

Na sexta, a agência Sana anunciou o disparo de dois foguetes, por parte dos rebeldes, contra o aeroporto da capital, atingindo um avião e um reservatório de querosene.

Uma fonte militar síria desmentiu o ataque de sexta-feira e consultado pela AFP, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não confirmou a informação.

Recusando-se a confirmar o primeiro ataque, um membro do Ministério israelense da Defesa indicou à AFP que "Israel acompanha a situação na Síria e no Líbano, particularmente em relação à transferência de armas químicas e de armas especiais".

Outro alto funcionário do Ministério da Defesa, Amos Gilad, citado pela imprensa local, não quis confirmar o ataque israelense de sexta-feira contra a Síria, mas ressaltou que o Hezbollah não possui armas químicas sírias e não deseja obtê-las.

"A Síria tem grandes quantidades de armas químicas e de mísseis. Tudo está sob controle (do regime sírio). O Hezbollah não tem armas químicas. Temos como saber disso. Não precisa ter essas armas e prefere sistemas que possam cobrir todo o país (Israel)", afirmou essa autoridade, referindo-se ao arsenal convencional do Hezbollah, principalmente aos seus foguetes de longo alcance.

Um comunicado do Exército libanês indicou vários sobrevoos de caças-bombardeiros israelenses na noite de quinta para sexta-feira.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste sábado que Israel tem o direito de se defender da transferência de armas da Síria para o Hezbollah, mas se negou a comentar a informação de que Israel atacou o território sírio.

"Não vou fazer comentários sobre o que ocorreu na Síria ontem, mas acredito que os israelenses, de maneira justificada, devem se proteger contra a transferência de armas sofisticadas para organizações terroristas como o Hezbollah".

Obama afirmou que cabe ao Estado hebreu "confirmar ou negar qualquer medida que tenha adotado" para se defender da ameaça.

"Temos uma estreita coordenação com os israelenses e reconhecemos que estão muito próximos da Síria e muito próximos do Líbano", destacou o presidente.

Israel e Hezbollah - um fiel aliado do presidente Bashar al-Assad - se enfrentaram em um sangrento conflito no verão de 2006.

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