INVESTIGAÇÃO

JK foi assassinado, diz Comissão da Verdade que investigou a morte

Para o relator, o ex-presidente foi vítima de um complô armado pela ditadura militar

Cecília Polycarpo
cecília.cebalho@rac.com.br
09/12/2013 às 20:55.
Atualizado em 27/04/2022 às 17:52

Para a Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara de São Paulo, não há duvidas que o acidente que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 1976, foi um assassinato. Em um relatório de 29 páginas que será apresentado hoje foram compilados 90 indícios, evidências e provas de que a colisão que vitimou JK e seu motorista Geraldo Ribeiro na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), foi provocada. "Não temos dúvida de que Juscelino Kubitschek foi vítima de conspiração, complô e atentado político", disse o vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão Municipal da Verdade, que acredita que o ex-mandatário foi vítima de um complô da ditadura militar, então comandada por Ernesto Geisel. As conclusões do relatório, porém, não foram reveladas ontem. Testemunha No dia 26 de setembro, a Agência Anhanguera de Notícias (AAN) publicou reportagem com relato de Josias Nunes de Oliveira, 70 anos, peça-chave no inquérito do acidente automobilístico Juscelino. Oliveira, que mora em um abrigo para idosos em Indaiatuba (SP), viu o Chevrolet Opala dirigido pelo motorista de JK colidir frontalmente com o caminhão de gesso de Orleãs (SC), no então quilômetro 165 da Rodovia Presidente Dutra (BR-116). Ele afirmou que viu o último suspiro de um dos mais populares presidentes do Brasil. À época, Oliveira era motorista de ônibus da Viação Cometa e foi o primeiro a parar para prestar socorro a JK. O ex-motorista foi acusado de ter provocado a tragédia, passou pelo banco dos réus e foi inocentado. Depois da publicação da matéria, Oliveira depôs na Comissão da Verdade Vladimir Herzog, na Câmara de São Paulo. Seu relato apresentou divergências com o depoimento da segunda principal testemunha do acidente, o advogado Paulo Oliver, passageiro do ônibus. No entanto, as duas versões apontam que Oliveira não fechou ou bateu no veículo que levava JK ao Rio de Janeiro. Reconstituição No mês passado, Oliveira também voltou pela primeira vez ao local onde presenciou o acidente e participou de uma reconstituição informal da tragédia no quilômetro 228 da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), em Resende (RJ), a pedido da Comissão Vladimir Herzog. As conclusões da reconstituição são alguns dos indícios de que o acidente tenha sido provocado por agentes da ditadura militar. Um relatório sobre a visita foi anexado à investigação do grupo sobre o episódio. Em agosto, o secretário de Estado de Defesa Social de Minas Gerais, Rômulo Ferraz, anunciou a retomada das investigações do acidente de JK, a pedido da Comissão da Verdade paulistana. Uma das solicitações do grupo era que o governo mineiro procurasse o fragmento metálico que havia sido retirado da cabeça de Ribeiro, na primeira exumação do corpo do ex-motorista, em 1996. O objeto, porém, não foi encontrado pela Polícia Civil de Minas Gerais. O governo mineiro estuda pedir uma segunda exumação no corpo de Ribeiro.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por