O secretário de Estado americano John Kerry chegou neste domingo aos Emirados Árabes Unidos para falar com este importante aliado sobre as negociações sobre o programa nuclear iraniano e os esforços para deter o banho de sangue na Síria. Kerry chegou vindo de Genebra, onde manteve por três dias negociações intensas ao lado das outras potências mundiais e Teerã, que terminaram sem um acordo para deter as atividades nucleares do Irã. O chefe da diplomacia americana assegurou, no entanto, que os países ocidentais estavam próximos de uma solução. Kerry também desmentiu que o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, tenha bloqueado as negociações no último minuto. "Vários países - não só a França, mas nós mesmos e outros - queriam se assegurar de que temos a firmeza" necessária para que os seis países não acertem "algo impreciso que poderia levar a um erro", declarou à emissora NBC. As negociações em Genebra tropeçaram nas exigências de esclarecimento de alguns participantes, em particular da França, sobre a redação de um acordo temporário de seis meses, primeira etapa verificável antes de um acordo permanente. O grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha), Irã e União Europeia (UE) se comprometeram a não revelar o conteúdo das discussões. Kerry afirmou ainda que os Estados Unidos querem "esgotar todas as vias diplomáticas antes de recorrer à força militar caso seja necessário". O secretário de Estado americano tinha previsto reunir-se ainda esta noite com o príncipe-herdeiro de Abu Dhabi, xeque Mohamed ben Zayed Al Nahyan, e o ministro das Relações Exteriores, xeque Abdalá ben Zayed al Nahyan. Os Emirados Árabes, assim como os vizinhos sauditas, vêm com receio a aproximação dos Estados Unidos com o Irã. Mas Kerry assegurou que os Estados Unidos não são nem cegos, nem estúpidos com relação às negociações nucleares com o Irã. "Somos perfeitamente capazes de avaliar se agimos pelo interesse do nosso país e do resto do mundo, em particular dos nossos aliados, como Israel e os países do Golfo", disse à NBC. Kerry reiterou, ainda, o compromisso de Washington com seus "aliados do Golfo e da região". Durante sua viagem, Kerry abordará também o conflito sírio, depois de ter reiterado em Riad a oposição dos Estados Unidos em lançar uma intervenção militar para por fim a uma guerra que deixou cerca de 120 mil mortos em 31 meses.
