O leão do Zoológico Municipal de Piracicaba, batizado de Léo, completou 20 anos, neste sábado (26), com direito a festa com “convidados”. No cardápio, 10 kg de carne de boi para o aniversariante e sua companheira, a leoa Chiara, que tem 10 anos de idade.Cerca de 300 pessoas se amontoaram em frente ao recinto dos leões para cantar parabéns ao Léo e também saborear um bolo de chocolate feito pelos funcionários do zoo. Como parte da festa foram distribuídos marcadores de páginas com um desenho do leão Léo.A festa começou às 15 horas com os convidados cantando parabéns e assoprando a velinha dos 20 anos. Em seguida, dois tratadores colocaram no chão os pedaços de carne “patinho” sob duas caixas enfeitadas. Com o recinto liberado, Léo foi solto e ficou meio ressabiado com a algazarra dos visitantes. Mas não demorou um minuto e ele descobriu o presente. Chiara foi liberada em seguida e logo começou a devorar o pedaço de carne.A história de Léo é comovente. Ele nasceu no zoo de Piracicaba. O local, porém, ficou fechado por seis anos (foi reaberto em 2007) e durante o período de inatividade o leão ficou em um pequeno espaço, bem cuidado mas sem visitas. Ele vivia com sua mãe e irmã. Mas foi separado para que não cruzasse com ambas já que entre animais da mesma família pode haver consanguinidade, ou seja, o mesmo sangue pode trazer problemas genéticos. Quando morava com a família, Léo foi “vasectomizado” e por isso ele e Chiara não podem ter filhotes.A veterinária e responsável pelo Zoológico de Piracicaba, Marianna Ricciardi Curi, contou que todos os anos a festa de aniversário de Leo é feita porque ele representa “a história do Zoo de Piracicaba”. Como ele nasceu no local, ficou fácil presenteá-lo nessa data.Ela conta que na época quando o zoo ficou fechado ficaram 19 animais aguardando pela sua reabertura. Em agosto deste ano o zoo completará 41 anos.Marianna disse que os animais são muito inteligentes e que é um aprendizado constante trabalhar em um zoo. Os bichos sabem quem dá comida e quem dá remédio. E é óbvio que gostam mais dos tratadores que os alimentam. Ela conta que o símbolo do zoo de Piracicaba é a onça pintada, mas o leão é o mais querido e visitado pelas pessoas. “O Léo e a Chiara têm saúde e são felizes”, disse.Nos finais de semana cerca de 7 mil visitantes passam pelo local. O casal Thiago Rodrigo e Rafaela Souza foi “parabenizar” Léo, ontem. Eles estavam com os filhos Camila, de 11 anos, e Julia, cinco. “Adoro o Léo, ele tem uma juba muito bonita”, disse Camila. “Adoramos animais e desde criança visito o zoo”, disse Rafaela. Thiago se recordou, inclusive, do chipanzé Petrônio, um dos mais famosos animais que viveram no zoo piracicabano. HISTÓRIACarlos da Silva Lima, 34, é mineiro de Cruzeiro. Chegou a Piracicaba há 17 anos e o seu primeiro emprego foi de servente de pedreiro. Mas meses depois já estava trabalhando no zoo. Léo ainda era um jovem leão. “Fui um dos primeiros tratadores do Léo e sua família. Ele me reconhece. Um animal responde pelo o que você faz por ele. Se você o tratra bem, ele vai respeitá-lo. Mas em se tratando de animais selvagens, precisamos respeitar os limites”, disse. Ele contou ainda que antes de Chiara chegar, aparava a juba de Léo pelas grades. “Ele vinha até a grade e as cortava. Mas agora não dá. O Léo não permite aproximação. Ele cuida da segurança da Chiara”, explicou. O tratador disse que gosta de todos os animais do zoo. “Quando um parte (morre), ficamos todos sentidos”. Em um zoo, um leão pode chegar a até 20 anos de idade. Isso porque, diferente da vida na natureza, a comida é garantida e os perigos são menores.Loriane Capeletti e Mayara Pereira do Carmo são educadoras ambientais no zoo. Elas se dedicam muito a essa tarefa e amam os animais.O Léo e a Chiara vivem em um espaço de 315 m². O zoo de Piracicaba está em uma área de 47 mil m² e reúne nele também uma área verde e de playground para as crianças.Os recintos são espaçosos e muitos deles abrigam espécies em extinção, por exemplo a onça pintada e o cachorro-vinagre. O Zoológico de Piracicaba está localizado na avenida Marechal Castelo Branco, 426, no Jardim Primavera. A entrada é gratuita.