A música clássica chegou às crianças e adolescentes de classes sociais menos favorecidas de Piracicaba e da região. Por meio de um trabalho voluntário, desde 2009, o maestro peruano Juan Fernando Ortiz de Villate. 32 anos, dedica-se a ensiná-las a tocar diferentes instrumentos. Para isto, criou o Moiesp (Movimento de Orquestras do Interior do Estado de São Paulo), projeto que tem como finalidade colaborar e ajudar na formação de orquestras infantis e juvenis. Atualmente, o movimento conta com três orquestras e um coro - a Orquestra Filarmônica Tchaikovsky (Piracicaba), Coro Polifônico Tchaikovsky (Piracicaba), Orquestra Filarmônica Infantil (Piracicaba) e Orquestra Filarmônica Johannes Brahms (Santa Barbara d'Oeste). Apaixonado por música desde os 6 anos, viu no trabalho voluntário uma forma de divulgar esta paixão, torná-la acessível e também retribuir a "bênção", como Villate define, que recebeu da pianista russa Larisse Belotserkovskai. "Ao observar minha musicalidade, ela resolveu me orientar. Eram seis, oito horas de estudos diários. Quando terminei o curso, Larisse disse que a forma de retribuí-la era ensinar a uma criança que tenha vontade de aprender algum instrumento, sem cobrar nada. Foi no voluntariado, no Moiesp, que encontrei o modo de agradecê-la", explica o maestro.No Brasil desde 2006, quando veio para estudar música em Tatuí, mudou-se para a cidade em 2009, após se casar com uma piracicabana. Tornou-se maestro aos 19 anos. Toca violino, violão, charango, cavaquinho e violão-celo. Já regeu orquestras em importantes teatros e conservatórios no Peru, Chile, Brasil e Estados Unidos. Todas as crianças que participam do projeto nunca tiveram contato com a música antes. Os instrumentos utilizados são doados e os ensaios ocorrem na casa do maestro, em um espaço improvisado. Somente a Orquestra Filarmônica Infanto-juvenil de Piracicaba conta com 30 crianças. E ainda há vagas para os interessados em participar. EXEMPLOO Moiesp foi inspirado no bem-sucedido projeto venezuelano de formação de novos músicos eruditos. "Na verdade, estamos atrasados em relação aos vizinhos sul-americanos. Em 2008, fui aos Estados Unidos participar de uma série de concertos e vi que todos os países latinos tinham seus projetos inspirados na Venezuela. Talvez o fato de aqui falar português nos deixe mais longe dos países latinos", explica o maestro. Villate conta que o valor cobrado pelas aulas de música é alto. O que torna restrito o aprendizado a algumas classes sociais. "Eu dou aulas particulares de música para viver, mas não posso negar ensinar a beleza da música para as crianças que têm vontade de aprender, têm talento, mas não condições financeiras para isto", explica. "Ainda sonho com o dia em que todas as cidades vão apoiar projetos parecidos. Em julho, pretendo unir as três orquestras, que possuem uma média de 30 a 35 músicos cada, para tocarem juntos. O resultado certamente será fantástico, quase 100 crianças e jovens tocando juntos. Isto me faz lembrar a primeira vez que vi uma orquestra com centenas de músicos, foi uma experiência única", complementa. Quem quiser conhecer o projeto Moiesp, participar ou apoiar a iniciativa, o telefone de contato do maestro Villate é (19) 9348-6201