SAÚDE FRÁGIL

Mandela se prepara para a quarta noite em hospital

Ex-presidente africano se encontra em estado grave desde sua hospitalização no último sábado

France Press
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10/06/2013 às 16:13.
Atualizado em 27/04/2022 às 14:32

O ex-presidente Nelson Mandela, de 94 anos, se prepara passar passar a quarta noite em um hospital de Pretória, onde se encontra em estado grave desde sua hospitalização no sábado por uma pneumonia.

Mandela "recebe tratamento intensivo", indicou à AFP o porta-voz da presidência Mac Maharaj, que explicou que o herói da luta contra o apartheid não está em uma UTI.

"O ex-presidente Nelson Mandela segue hospitalizado e seu estado de saúde é estável. Madiba foi internado no dia 8 de junho de 2013 para ser atendido em um hospital de Pretória por uma infecção pulmonar", havia informado poucas horas antes a Presidência em um breve comunicado, utilizando o nome do clã do líder da luta contra o apartheid, adotado pela grande maioria dos sul-africanos.

Mac Maharaj anunciou na manhã de sábado a hospitalização de Mandela devido a uma pneumonia. Esta é sua quarta internação desde dezembro.

O nome do estabelecimento de Pretória onde o ex-presidente foi internado não foi divulgado, assim como ocorreu com suas hospitalizações anteriores.

No entanto, dezenas de jornalistas acampavam diante de um hospital especializado da capital onde acreditam que ele esteja internado. Duas filhas de Nelson Mandela e vários de seus netos foram vistos ali no domingo.

A ex-esposa do herói nacional Winnie Madikizela-Mandela também veio vistá-lo nesta segunda-feira à tarde, constatou um fotógrafo da AFP.

A polícia pediu aos jornalistas que se retirassem do local.

"Vi meu pai e está bem. É um lutador", declarou ao jornal britânico The Guardian a filha do ex-presidente, Zindzi, a única integrante da família que rompeu o silêncio.

"Existem restrições médicas e (...) eles (os médicos) querem limitar o fluxo de visitantes" para evitar os riscos de infecção, explicou Mac Maharaj.

"O presidente (Jacob Zuma) deseja visitá-lo, mas é preciso primeiro deixar a equipe médica trabalhar e dar prioridade à sua família e amigos mais próximos".

A presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, disse ter recebido a notícia de que Mandela respondia "bem ao tratamento".

O primeiro presidente negro da África do Sul completará 95 anos em 18 de julho.

Embora oficialmente seja o momento de orações e desejos por uma recuperação rápida, nesta oportunidade há vozes que se expressam energicamente para dizer que inclusive os heróis têm direito a morrer um dia.

"Enquanto o pai querido de nossa Nação Utata Nelson Mandela sofre novamente os danos causados pelo tempo no hospital, as nossas orações são por seu conforto e dignidade", declarou nesta segunda-feira o ex-arcebispo anglicano Tutu em um comunicado.

"Nós agradecemos a Deus pelo extraordinário dom de Mandela, e desejamos força à família", acrescentou em uma mensagem que parece um adeus.

"Chegou a hora de deixá-lo partir. (...) Sua família deve deixá-lo agora, para que Deus possa agir a sua maneira", declarou no domingo Andrew Mlangeni, um companheiro de luta de Mandela, resumindo uma opinião amplamente manifestada em alguns programas de rádio e nas redes sociais.

Nelson Mandela parecia muito fraco nas últimas imagens divulgadas, no fim de abril, em ocasião de uma visita dos principais líderes do CNA a sua casa.

Sentado em uma poltrona, com as pernas cobertas por uma manta, seu rosto não expressava emoção alguma.

Em março, algumas pessoas próximas deram a entender que ele começava a perder sua memória.

Ele foi hospitalizado pela última vez entre o final de março e início de abril, também por causa de uma pneumonia, provavelmente ligada às sequelas de uma tuberculose contraída durante sua detenção na prisão de Robben Island.

Foi nesta ilha que ele passou 18 de seus 27 anos de prisão nas mãos do regime do apartheid, quebrando pedras em meio a uma poeira que prejudicou seus pulmões.

Embora esteja totalmente afastado da vida pública há anos, Mandela continua sendo o símbolo de uma África do Sul unida, apesar de suas persistentes divisões raciais. Ele representa o milagre de um país que passou do regime de segregação racial à democracia em 1994.

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