CLEVELAND

Maníaco é denunciado por sequestro e estupro nos EUA

Ariel Castro, de origem porto-riquenha, é acusado pelo rapto de três mulheres desaparecidas há 10 anos

France Press
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08/05/2013 às 20:35.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:50

Ariel Castro, um homem de origem porto-riquenha de 52 anos, foi denunciado por sequestro e estupro vinculados ao rapto de três mulheres em Cleveland, desaparecidas há uma década, informou nesta quarta-feira um promotor público.

Castro é acusado do estupro de Amanda Berry (hoje com 27 anos), Gina DeJesus (23) e Michelle Knight (32) durante o período em as jovens estiveram em cativeiro em sua casa, afirmou a jornalistas o promotor público Victor Perez. Os dois irmãos de Ariel, também detidos, não foram denunciados em relação com o caso.

Ariel Castro enfrenta três acusações de estupro e quatro de sequestro, relacionadas a DeJesus, Knight, Berry e a filha de seis anos de Berry, Jocelyn, que nasceu em cativeiro. As acusações de estupro não se relacionam com a menina.

Os dois irmãos de Ariel, Pedro, de 54 anos, e Onil, de 50, também foram detidos na segunda-feira, mas não serão denunciados.

"Não há nada que nos leve a crer que eles estivessem envolvidos ou tivessem conhecimento disto", afirmou a respeito dos irmãos o subchefe de polícia da cidade, Ed Tomba.

"Nós não descobrimos fatos que os vinculem ao crime", acrescentou.

As três mulheres e a criança foram resgatadas na segunda-feira em uma série dramática de acontecimentos depois que Berry, agora com 27 anos, fez sinais para um vizinho que a ajudou a escapar da casa modesta, situada na Avenida Seymour, em um bairro operário de Cleveland.

Segundo Ed Tomba, ao longo de dez anos de cativeiro as três mulheres jamais saíram da propriedade de Ariel Castro em Cleveland, e tiveram permissão para sair da casa apenas em duas ocasiões, para ir até a garagem, disfarçadas.

Mais cedo, o chefe de polícia de Cleveland, Michael McGrath, disse à emissora de TV NBC: "temos confirmação de que estiveram amarradas e havia correntes e cordas no hall" da casa.

Ele disse que até que os depoimentos das vítimas estejam completos não será possível descrever em detalhes como elas foram tratadas e destacou que não poderia confirmar os informes de que as mulheres mantidas em cativeiro tiveram gestações múltiplas.

McGrath disse ainda que as sequestradas só tinham permissão para sair fora da casa "muito raramente".

"Saíam ao quintal muito de vez em quando, acredito. Seu estado de saúde é bom, considerando as circunstâncias", acrescentou.

Os três irmãos - Ariel, Oneil e Pedro Castro, de 52, 50 e 54 anos, respectivamente - eram suspeitos do rapto das meninas. Ariel é o dono da casa onde as três mulheres foram encontradas; seus dois irmãos viviam em outro local, segundo a polícia.

McGrath insistiu que tem toda certeza de a polícia não perdeu a oportunidade nos últimos dez anos de tentar encontrar as jovens ou identificar os responsáveis por seu desaparecimento.

Os três irmãos foram presos depois que Amanda conseguiu alertar um vizinho, que derrubou a porta para libertá-la, junto com a filha de seis anos.

A polícia atendeu a seu chamado ao número 911 e encontrou as outras duas mulheres na modesta casa cujo pórtico estava adornado com as bandeiras de Estados Unidos e Porto Rico.

Amanda Berry, Gina DeJesus e Michelle Knight desapareceram em incidentes separados em 2002, 2003 e 2004.

De volta

Fern Gentry, a avó de Berry, falou com sua neta do Tennessee em uma ligação emitida por uma filial local da ABC.

"Fico feliz de ter você de volta", disse Gentry.

"Fico feliz por estar de volta", respondeu Berry.

"Acreditei que tinha te perdido", disse a avó.

"Não, aqui estou", respondeu a neta.

Após a liberação, foi divulgada uma fotografia na qual Berry aparece sorrindo junto a sua irmã e sua filha no hospital.

"Parece muito bem, feliz, saudável e ontem à noite comeu um picolé", disse o vice-chefe da polícia de Cleveland, Ed Tomba, sobre a pequena Jocelyn.

"Ver sua mãe a fez sorrir", acrescentou Tomba, segundo a rede ABC.

"O pesadelo acabou", disse aos jornalistas o agente especial do Escritório Federal de Investigações (FBI), Steve Anthony.

"Estas três jovens mulheres nos proporcionaram a autêntica definição de sobrevivência e perseverança. Agora pode começar a cura", disse.

O pesadelo terminou quando Berry, que havia sido sequestrada pouco antes de seu décimo sétimo aniversário, conseguiu colocar o braço por um espaço da porta e começou a gritar por ajuda.

"Escutei gritos (...) e vi essa garota tentando fugir como uma louca da casa", disse à rede de televisão ABC Charles Ramsey, um vizinho que virou um herói local.

"Fui até a entrada e ela disse: 'me ajude a sair, estou aqui há muito tempo. Quero sair daqui. Agora mesmo'", acrescentou.

Ramsey disse que não conseguiu abrir a porta, então a golpeou, abrindo a parte de baixo, e ela saiu se arrastando com a menina.

Berry foi a uma casa vizinha e chamou a polícia, implorando que fossem ao local o mais rápido possível, "antes que ele volte", segundo a gravação da ligação ao 911.

Berry foi vista pela última vez no dia 21 de abril de 2003 pela tarde, quando saída de seu trabalho em um restaurante de 'fast-food' a poucas quadras de sua casa.

DeJesus tinha 14 anos quando desapareceu. Saiu da escola no dia 2 de abril de 2004, mas nunca chegou em casa.

Michelle Knight foi vista pela última vez perto da casa de um primo, no dia 23 de agosto de 2002. Tinha 20 anos.

Os vizinhos disseram à AFP estar chocados e afirmaram não ter ideia de que Castro, com quem por vezes realizavam inclusive churrascos, mantivesse as três mulheres como reféns.

Uma prima dos três irmãos acusados expressou surpresa e vergonha pelo fato, assinalando que sua família está tão chocada quanto todos.

Maria Castro Montes pediu que sua família não seja julgada pela ação de seu primo. "Em nome da família Castro, queria dizer que todos realmente sentimos pena delas, por tudo que sofreram, e se isso foi obra de um membro de nossa família, ele deva pagar por isso".

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