TARIFA DE ÔNIBUS

Manifestantes fazem novo protesto em Piracicaba

Ferrato ratifica que tarifa só cai se país tiver plano nacional; Pula Catraca promete 10 mil

19/06/2013 às 10:03.
Atualizado em 27/04/2022 às 14:50

A reunião entre o prefeito de Piracicaba, Gabriel Ferrato (PSDB), e representantes do Pula Catraca - grupo contrário ao preço de R$ 3,40 da tarifa de ônibus -, não aconteceu, nesta terça-feira (18) à tarde, no gabinete do Executivo. 

O pedido do encontro partiu do Executivo na segunda-feira (17) para discutir ações de segurança para o protesto que o movimento planeja realizar amanhã (20), em frente ao TCI (Terminal Central de Integração) a partir das 17 horas e com cerca de 10 mil pessoas.

O impasse ontem à tarde começou por volta das 17h30, em frente à Prefeitura, quando aproximadamente 120 manifestantes - segundo a PM -, queriam subir ao gabinete para a reunião. Foi permitida a entrada de no máximo oito representantes. Mas os manifestantes não aceitaram o convite e exigiram que Ferrato descesse (do 11° andar), o que também não ocorreu.

Diante do impasse, os ativistas iniciaram uma série de protestos dirigindo insultos ao prefeito. Por volta das 18 horas, os manifestantes bloquearam as avenidas Antonio Corrêa Barbosa (em frente à Prefeitura) e a Dr. Paulo de Moraes. Ali ficaram por cerca de meia hora provocando um grande congestionamento. Depois se dirigiram a pé ao TCI (distante cerca de 3 km da Prefeitura), onde a Guarda Civil fez um cordão de isolamento para evitar que adentrassem no terminal. Às 19h30 a maioria já havia se dispersado.

A tendência é que o Pula Catraca se una ao movimento Reaja Piracicaba e assim ocorram também protestos em frente à Câmara Municipal amanhã.

O Prefeito

Por volta das 18h30, Ferrato encaminhou ao movimento, por meio de seus assessores, a pauta que seria discutida na reunião. O texto, de três linhas, se esforçava em tranquilizar os manifestantes sobre o direito do protesto nesta quinta. E por isso a necessidade de uma reunião prévia.

Mesmo assim, alguns ativistas que permaneceram em frente ao Executivo não quiseram subir. Na coletiva à imprensa, Ferrato ratificou que o valor da tarifa não sofrerá redução.

A tarifa a bordo antes do aumento era de R$ 2,60 e sofreu majoração na gestão do ex-prefeito Barjas Negri, em dezembro do ano passado. Desde então o Pula Catraca realiza protestos.

Ferrato disse que sem um plano nacional de transporte público é impossível à maioria das prefeituras subsidiar a passagem. Piracicaba, por exemplo, gastaria R$ 18 milhões anualmente, pouco mais do que a metade dos R$ 37 milhões previstos para gastar em trânsito e transportes esse ano na cidade. Ele lembrou ainda que a Prefeitura cobra 2% de ISS (Imposto sobre Serviço) das empresas o que evita um maior preço das passagens. A cobrança de ISS em outros anos era de 5%.

Ontem, assessores do prefeito entregaram à imprensa uma planilha com preços de inúmeros municípios. Em Jundiaí, por exemplo, a tarifa é de R$ 3; São José dos Campos (R$ 3,30) e São Paulo (R$ 3,20 - na capital o subsídio é de R$ 1,2 bilhão anual).

Ferrato deixou claro que sempre respeitou os protestos e é favorável ao "direito democrático" das manifestações pacíficas.

Preocupação

No gabinete ainda estavam presentes representantes da Polícia Militar, Guarda Civil, o procurador geral do Município, Cláudio Bini, e o diretor do Departamento de Transporte Público, Vanderlei Quartarolo.

Ferrato foi enfático em dizer que com a ausência dos representantes dos ativistas na reunião, a responsabilidade por eventuais problemas tende a cair sobre o movimento. "Não quiseram a participação do poder público para preservá-los dos riscos (de um protesto sem prévia organização)", declarou.

O major-PM Marcos Fernandes orienta as pessoas a, amanhã, irem embora rapidamente para casa, isso caso não participem do protesto que, a princípio, será pacífico.

Expectativas

A expectativa de autoridades e dirigentes de entidades comerciais é de que os manifestos sejam pacíficos durante o protesto que acontece amanhã. O sargento Camargo, da Polícia Militar de Piracicaba, destaca que a corporação cuida diariamente da ordem pública e vai acompanhar de perto os protestos, que são garantidos por Direito Constitucional.

"A polícia apenas seguirá de perto, para observar se não há nenhuma quebra de ordem pública. Fora isso, os trabalhos são normais, iguais aos que acontecem diariamente. Estamos cientes de que vai acontecer, mas pelo que foi observado até agora, tudo tem acontecido sem grandes transtornos".

Pedro de Carvalho, presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Piracicaba, diz que espera pelo bom senso durante os protestos. "A gente não fez nenhuma recomendação específica por causa disso. Em Piracicaba, a situação tem transcorrido de uma forma mais pacífica do que a verificada em outras cidades. O bom senso deve imperar, inclusive do lojista que, porventura, sentir necessidade de fechar o seu comércio mais cedo, se resguardar".

Angelo Frias Neto, presidente da Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba), diz que a entidade entende como legítima as reivindicações dos protestos, desde que não obstrua o direito de ir e vir dos demais. “Manifestações democráticas são legítimas, temos que discutir, ter bom senso que muitas coisas precisam ser corrigidas, mas esperamos, como eu disse, que ela seja pacífica, sem problemas".

Segundo informações da Semuttran (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes), o horário dos ônibus não vai sofrer qualquer alteração por causa do movimento. Os itinerários e as horas de partidas dos meios de transporte seguirão o cronograma normal de segunda a sexta-feira.

Perfil

Nesta terça-feira (18) em frente ao Executivo, a grande maioria dos ativistas era de estudantes. A Polícia Militar e a Guarda Civil acompanharam de longe o movimento. Eles protegeram o portão principal da Prefeitura. Muitos dos ativistas improvisaram "nariz de palhaço" e boa parte estava com cartazes de protesto. Um grupo usava batuques, panelas e apitos para fazer barulho.

Arary Galvão, Marcelo Bezerra, Felipe Teixeira, Raphael Godinho e Mônica Bonami foram os ativistas ouvidos pela Gazeta. Criticaram veementemente o valor da tarifa, o comportamento do prefeito em não descer para conversar, a necessidade de a juventude se manifestar e até outras questões, como a saúde pública. "Moro no Jardim Vitória e o atendimento médico no posto lá é péssimo", disse Mônica.

Na hora do bloqueio nas avenidas alguns motoristas subiram nos canteiros com seus carros. Mais calma, a secretária Ari ele Cremonesi desceu de seu carro e aplaudiu os ativistas. "É isso mesmo. O povo brasileiro tem que tomar vergonha na cara e fazer o que quer, não o que os governantes querem", bradou. (Felipe Rodrigues, Juliana Franco, José Ricardo Ferreira)

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