ESPIONAGEM

'Missão cumprida', diz Snowden sobre vazamento

"Para mim, em termos de satisfação pessoal, a missão já está cumprida", declarou Edward Snowden

France Press
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24/12/2013 às 09:12.
Atualizado em 27/04/2022 às 18:05

Seis meses após o primeiro vazamento sobre as atividades da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana, que trouxeram à tona seus polêmicos programas de espionagem, Edward Snowden afirma que "a missão já está comprida". Snowden, o ex-consultor da NSA que confessou ser o responsável por estes vazamentos, declarou ao jornal The Washington Post que está satisfeito porque o público agora está informado sobre a vigilância em massa que o governo dos Estados Unidos realiza sobre as comunicações telefônicas e na internet. "Para mim, em termos de satisfação pessoal, a missão já está cumprida", declarou Snowden, acusado de espionagem e foragido da justiça americana, em sua primeira entrevista em pessoa desde sua chegada à Rússia, que lhe concedeu asilo temporário. "Eu já ganhei. Assim que os jornalistas puderam trabalhar, tudo o que eu estava tentando fazer foi validado", declarou na entrevista ao Post publicada nesta terça-feira. "Porque, lembrem, eu não queria mudar a sociedade. O que eu queria era dar à sociedade a oportunidade de decidir se queria mudar a si mesma", afirmou. A coleta de dados de comunicações pela NSA aumentou exponencialmente desde os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos. Na sexta-feira, o presidente Barack Obama declarou que dava as boas-vindas ao debate sobre o papel da NSA, num momento em que cogita possíveis mudanças nas atribuições da agência em meio a exigências sobre a proteção do direito à privacidade. Obama declarou que em janeiro fará "uma declaração bastante definitiva" sobre como as atividades da NSA devem ser revisadas. Um painel de especialistas legais e de inteligência designado pela Casa Branca recomendou limitar as atribuições da NSA, ao advertir que suas atividades no âmbito da guerra contra o terrorismo foram muito longe. E um juiz federal considerou que a vigilância rotineira que a NSA realiza sobre as comunicações telefônicas de praticamente todos os americanos é "provavelmente inconstitucional". Snowden foi entrevistado em Moscou por Barton Gellman, um jornalista do jornal The Washington Post que recebeu vazamentos por parte do ex-consultor da NSA. As primeiras revelações sobre as atividades da agência foram publicadas pelo jornal britânico The Guardian e pelo Post em junho. "Estava tranquilo e animado durante os praticamente dois dias de conversa ininterrupta, alimentada com hambúrgueres, macarrão, sorvete e pastéis russos", relatou Gellman. Snowden foi acusado pela justiça americana dos crimes de espionagem e roubo de informação de propriedade do governo. Mas o analista da computação de 30 anos considera não ter sido desleal. "Não tento derrubar a NSA, trabalho para melhorar a NSA", declarou. "Ainda hoje estou trabalhando para a NSA. Eles são os únicos que não se dão conta", ressaltou. Snowden considerou que foi uma decisão dos legisladores manter ocultos os programas de vigilância da NSA, e que foi seu fracasso em fazer as perguntas adequadas o que o levou a revelar os segredos da agência. "O sistema fracassou amplamente, e cada nível de supervisão, cada nível de responsabilidade que deveria ter abordado isso, abdicou de sua responsabilidade", considerou. As revelações de Snowden provocaram indignação entre os grupos de defesa dos direitos civis e inclusive entre os aliados dos Estados Unidos, diante das informações sobre interceptações das comunicações de seus líderes. Veja também Edward Snowden diz que aceitaria asilo no Brasil O ex-analista negou condicionar a entrega de dados à concessão de refúgio Putin: serviços secretos não interrogaram Snowden O presidente russo indicou que nunca se encontrou com Snowden: "Não o conheço pessoalmente" 'Não me encaminharam nada', diz Dilma, sobre Snowden A presidente Dilma Rousseff não quis se manifestar sobre o pedido de asilo do ex-agente americano Snowden faz campanha para ter asilo no Brasil Esta deverá ser a segunda vez que o ex-consultor norte-americano pede asilo ao governo brasileiro

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