Populações da região beira-rio, como o bairro Nova Piracicaba, seriam as mais atingidas, segundo o estudo
O Ministério Público Estadual (MPE) recomendou ao Departamento Hidroviário do Estado, órgão da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, estudos sobre o risco de agravamento das enchentes com a construção de uma barragem no rio Piracicaba. A obra do DH, no trecho do rio entre as cidades de Anhembi e Santa Maria da Serra, faz parte do projeto de ampliação da Hidrovia Tietê-Paraná e está em processo de licenciamento ambiental. A barragem será construída entre Anhembi e Santa Maria da Serra e vai elevar o nível do rio em até quatro metros, reduzindo a velocidade do escoamento. Parecer de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) conclui pela possibilidade de impactos negativos na zona urbana de Piracicaba, no que se refere à intensidade e frequência das cheias. Populações da região beira-rio, como o bairro Nova Piracicaba, seriam as mais atingidas, segundo o estudo. Mesmo sem a barragem, o rio Piracicaba transbordou em 2011 e invadiu centenas de casas no bairro. O promotor do Meio Ambiente de Piracicaba, Ivan Cordeiro Castanheiro, abriu inquérito civil para apurar os impactos da obra. A barragem é combatida por ambientalistas porque vai inundar uma área de 6,7 mil hectares - equivalente a cerca de sete mil campos de futebol -, entre elas a Várzea do Tanquã, conhecida como o Mini-Pantanal Paulista. Entidades como o Centro de Estudos Ornitológicos (CEO), Sociedade de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba (Sodemap) e Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimed) já se posicionaram contra o empreendimento. O barramento com eclusa vai ampliar em 55 km a navegação pelo rio, integrando a região de Piracicaba à hidrovia do Tietê. No próximo sábado, 30, a barragem será discutida durante evento do Conselho de Desenvolvimento do Aglomerado Urbano de Piracicaba. Prefeitos da região defendem a obra, que irá custar cerca de R$ 600 milhões. A reunião antecede as cinco audiências públicas que serão realizadas nas cidades da região - a primeira será no dia 10 de dezembro, em Santa Maria da Serra. O Departamento Hidroviário (DH) informou que a barragem não trará riscos de enchente na área urbana de Piracicaba. Segundo o DH, a gestão da barragem vai regular e controlar a vazão pelo vertedouro, reduzindo o risco de enchentes.