LÍDER SUL-AFRICANO

Nelson Mandela é lembrado ao redor do mundo

Ele foi reverenciado em missas e celebrações por líderes religiosos, artistas e líderes políticos

Da France Press
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08/12/2013 às 19:23.
Atualizado em 27/04/2022 às 17:50

Os sul-africanos foram neste domingo (8) a igrejas, mesquitas, templos e sinagogas de todo o país para lembrar Nelson Mandela, no início de uma semana de cerimônias oficiais em homenagem ao ícone da luta contra o apartheid. "Vá para casa, Madiba, você fez abnegadamente tudo o que é bom, nobre e honroso para o povo de Deus", declarou o arcebispo anglicano da Cidade do Cabo, Thabo Mokgoba, durante a missa deste domingo na Igreja Anglicana de Santa Cruz, na cidade de Nyanga da Cidade do Cabo. "Que seu longo caminho em direção à liberdade seja apreciado e realizado por todos nós", acrescentou, referindo-se ao título da autobiografia de Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul que morreu na quinta-feira aos 95 anos em sua casa de Johannesburgo. "Celebro e choro ao mesmo tempo a vida de Tata (pai) Mandela, por isso estou aqui hoje", declarou Tutu Phankisa, uma paroquiana de 49 anos que começou a chorar ao ver os retratos de Mandela na igreja. Na pequena igreja reformada holandesa de Melville, em Johannesburgo, o reverendo André Barlett acendeu uma vela em um altar em memória de Nelson Mandela "em agradecimento a Deus, que nos deu alguém que representava valores importantes, valores de paz, de reconciliação, de respeito e de humanidade". Reza"Pensem nos anos 1990 e no medo que tínhamos pelo que ocorria em nosso país. Sob a direção de Mandela, nenhum desses medos se cumpriu. Obrigado, Senhor, por ter proporcionado este líder ao nosso país nesse momento importante", acrescentou o pastor desta igreja, que era a religião quase oficial do regime segregacionista do apartheid. Na igreja católica de Regina Mundi, em Soweto, o padre Sebastian Rossouw convocou os fiéis a rezarem por Mandela, "uma luz na escuridão", e destacou "a humildade e a capacidade de perdoar" de Madiba (seu nome de clã, como era chamado afetuosamente pelos sul-africanos)". O atual presidente sul-africano, Jacob Zuma, compareceu a um serviço metodista - a Igreja à qual a família Mandela pertence - na periferia de Johannesburgo junto com Winnie, ex-mulher do também Prêmio Nobel da Paz de 1993. "Devemos rezar para não esquecer alguns dos valores que Madiba defendia, pelos quais lutou, pelos quais sacrificou sua vida", disse Zuma. "Quando nossa luta (contra o apartheid) terminou, ele pregou e praticou a reconciliação, para que aqueles que haviam se enfrentado se perdoassem e se tornassem uma nação", lembrou Zuma diante de mil pessoas. Em outros paísesDe outras partes do mundo também saíram preces por Mandela. Em Londres, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, destacou "a coragem" e "a humanidade" de Mandela. E em Belém, os palestinos cristãos louvaram o símbolo da "libertação do colonialismo para todos os povos que aspiram à liberdade". "O peso de nossa dor e de nosso sofrimento é aliviado por essas manifestações nacionais e internacionais", indicou a família através de seu porta-voz, o general TT Matanzima. Cerimônia tradicional em Thembu As homenagens ao pai da "nação arco-íris" começaram na quinta-feira, logo após a notícia de sua morte. Mas este domingo era o primeiro dia de uma semana de cerimônias oficiais, que terminará no próximo domingo, dia 15 de dezembro, quando Mandela for enterrado. Na segunda-feira, o Parlamento sul-africano realizará uma sessão extraordinária em sua homenagem, e na terça-feira será realizada uma cerimônia oficial no estádio Soccer City de Soweto, onde Mandela fez sua última aparição oficial, na final da Copa do Mundo de Futebol de 2010. Chefes de Estado e de governo, artistas, monarcas e líderes espirituais de todo o mundo estão convidados a esta cerimônia, que contará com a presença, entre outros, do presidente francês, François Hollande, do americano Barack Obama e do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. ProcissãoOs restos mortais de Mandela serão levados em procissão pelas ruas de Pretória e velados no Union Building, a sede do governo, na quarta, quinta e sexta-feira. No sábado será realizada uma cerimônia de despedida do Congresso Nacional Africano (CNA), antes que o corpo do ex-presidente parta em direção a Qunu, onde passou sua infância. Lá, o clã dos Thembu, sua tribo, organizará uma cerimônia tradicional de enterro no domingo que também deverá contar com a presença de personalidades e representantes políticos de todo o mundo. Até agora, 53 chefes de Estado e de governo já confirmaram presença, anunciou neste domingo a ministra sul-africana das Relações Exteriores, Maite Nkoana-Mashabane. Além de Obama, também participarão outros três ex-presidentes americanos, assim como a presidente Dilma Rousseff, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas. Já o Dalai Lama, a quem foi negado em duas ocasiões o visto para viajar à África do Sul, "não deve ir" aos funerais de Mandela , disse neste domingo seu porta-voz, Tenzin Takhla, em Dharamsala (Norte da Índia).

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