O presidente Nicolás Maduro pediu aos venezuelanos que não comprem os "jornais da burguesia", que segundo ele informam de maneira tendenciosa, e criticou o clero do país por permanecer calado ante suas ações para combater a suposta "guerra econômica" que afeta o país. "Que o povo decente, patriota, o povo que está reagindo a estas medidas, não compre estes jornais, porque estes são os jornais defendem a burguesia parasitária", afirmou, ao exibir a primeira página do El Universal, que tinha como manchete na quarta-feira "A escassez em Caracas é a maior em 46 meses". "Eu convoco um boicote contra estes jornais nas ruas. Até quando estes jornais vão atacar a Venezuela impunemente?", questionou, antes de exibir os jornais El Mundo e Diario 2001. Ao citar os comerciantes, que segundo Maduro ao especular "estão traindo" seus valores religiosos, independente do credo, perguntou "Por quê o alto clero venezuelano fica calado quando saímos a defender os pobres e os humildes?". "Onde está a doutrina de Francisco, o papa, onde está a doutrina de São Francisco de Assis e de Jesus Cristo? Onde estão os padres para acompanhar o povo nas filas, nas ruas, para dar alento?", questionou Maduro. O governo de Maduro lançou uma campanha de fiscalização de preços, que inclui reduções compulsórias nos casos de aumentos considerados irregulares, em vários setores, como eletrodomésticos e peças de carros. A situação provoca filas nas lojas para adquirir produtos com desconto de entre 50% e 60%. O presidente, que esta semana deve receber "superpoderes" da Assembleia Nacional para governar por decreto, anunciou que a fiscalização chegará a outros setores, como o têxtil, e que decretará limites máximos de lucros aos empresários. Também pretende aumentar as punições aos especuladores. Maduro define a situação atual de alta inflação e escassez como uma "guerra econômica" liderada pelos Estados Unidos e a burguesia. Caracas responsabiliza aqueles que chama de "parasitas burgueses" por preços que considera injustificáveis em produtos comprados com dólares baratos distribuídos pelo governo. No início do mês, as autoridades prenderam por algumas horas dois jornalistas e um fotógrafo do Diario 2001 durante a cobertura de um evento popular de Natal organizado pelo governo em Caracas. O Ministério Público abriu investigação contra o jornal, que em 10 de outubro publicou uma nota sobre a suposta escassez de gasolina em Caracas, o que provocou a irritação de Maduro, que chegou a pedir a detenção dos responsáveis pela informação. Veja também Venezuela prende 28 por aumentos ilegais de preços Maduro determinou inspeções em redes de lojas de eletrodomésticos, acusadas de altas ilegais Gerentes de lojas são presos por aumento ilegal de preços Os cinco detidos são acusados de crime contra a economia popular por aumentar preços ilegalmente Jornalista do Miami Herald é libertado em Caracas Após 48 horas detido, John Wyss foi solto sem sinais de maus-tratos, segundo uma fonte do jornal Maduro ordena desconto e venezuelanos lotam lojas Eletrodomésticos de uma das maiores redes de lojas 'invadidas' tiveram redução de 50% nos preços Jornalistas são presos por militares na Venezuela No início da noite, o grupo foi solto pelos militares, após passar várias horas no quartel do Exército