MUDANÇAS

Novo contrato do lixo prevê fim da coleta porta a porta

Resíduos serão descartados pela própria população em containers que ficarão subterrâneos

Inaê Miranda
inae.miranda@rac.com.br
04/06/2013 às 06:00.
Atualizado em 27/04/2022 às 14:31

A Prefeitura de Campinas prevê substituir a partir do próximo ano o atual modelo de coleta e lixo feita de porta em porta. O objetivo é implantar contêineres subterrâneos nas regiões mais adensadas da cidade para descarte pela população. A medida está dentro do projeto de Parceria Público Privada (PPP) para o lixo, em fase de elaboração pela Secretaria de Serviços Públicos. O objetivo é tratar 100% do lixo, como exige a Política Nacional de Resíduos Sólidos e acabar com os aterros sanitários, em fase de esgotamento na cidade. O projeto técnico básico deve ficar pronto em julho e o processo de licitação deve ser concluído em um prazo estipulado de seis meses a um ano.

O Projeto de Valorização de Resíduos terá três etapas. A primeira será a instalação de uma usina de reciclagem, onde os sacos de lixo serão abertos e acontecerá a seleção do material. Segundo o secretário Ernesto Dimas Paulella, o processo de separação de lixo reciclável no domicílio continuará a ser feito. “Pretendemos dar um plus nessa fase e chegar à reciclagem de 20% de todo o lixo.” Atualmente, apenas cerca de 2% do lixo é reciclado. A secretaria estuda a viabilidade de contratar diretamente as cooperativas para fazerem a coleta de recicláveis. “Elas receberiam da Prefeitura por tonelada de lixo reciclado e teriam uma receita maior para se equipar e se profissionalizar.”

Cerca de 40% do material seriam aproveitados por uma usina de compostagem de lixo orgânico. “O lixo brasileiro é um material muito rico para ser transformado em fertilizante agrícola. A ideia é aproveitar 40% do lixo nessa fase”, diz o secretário. Os 40% restantes, segundo Paulella, seriam transformados em combustível derivado de resíduos. “O que sobrou vai para um grande liquidificador, onde será triturado, compensado e transformado em carvão do lixo. Tem valor calórico e pode ser utilizado para queimar em caldeira.”

O aproveitamento do lixo chegaria a 100%, como prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e, consequentemente, os aterros sanitários seriam desnecessários. “Todo o resíduo aí tem o seu valor econômico, social e ambiental. De forma que não restará nada de lixo a ser colocado em aterro. Apenas uma parte residual, como serragem, metais, que deve ser inferior a 5% e podem ser levados para fundição.” As usinas para separação e transformação do lixo depositado nos contêineres seriam instaladas no aterro Delta B. “Nossa intenção é que o vencedor da PPP tenha um prazo de cinco anos para implantar esse sistema.”

Contêineres

Em vez da coleta de porta em porta, o lixo deverá ser recolhido diretamente de contêineres instalados em regiões mais adensadas de Campinas, inicialmente, como Centro, Cambuí. “Hoje o lixo é colocado na rua. Entre o momento que é colocado e que é recolhido ele fica exposto. Animais rasgam os sacos. As chuvas levam lixo para bueiros, causando alagamentos”, afirma Paulella. O secretário defende que a coleta ponto a ponto sai mais cara, exige mais mão de obra, frequência de caminhões em regiões com trânsito complicado.

A ideia é expandir a quantidade de contêineres para as demais regiões da cidade ao longo do tempo. “Acredito que uma vez implantado na área central, a própria população periférica vai exigir o mesmo sistema, porque é mais higiênico e moderno. Dessa forma, deixaremos uma cláusula no contrato em que o setor público poderá indicar novas áreas a serem contempladas com contêiner.”

Segundo Paulella, o projeto técnico básico está em fase de finalização. “Estimativa é que até julho fique pronto e então vamos lançar a PPP e começar o processo de licitação.” Como é considerada uma concorrência de alta complexidade, a estimativa é que o processo dure entre seis meses e um ano.

A estimativa é de que o tratamento do lixo custe de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões, valor que será investido pela empresa que ganhar a licitação. Ela teria a concessão para tratamento do lixo por 20 ou 30 anos e receberá um valor por tonelada de lixo tratado. Em contrapartida haverá a venda de reciclados, compostos orgânicos, de combustível. Tudo isso será discutido e repartido com a Prefeitura. Atualmente, o Município gasta em torno de R$ 80 milhões por ano com tratamento do lixo. “Ainda não tem como antecipar valores, mas acredito que não deva ser maior do que é hoje, porque terão os produtos a serem comercializados.”

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