O ex-chefe de Governo italiano, Silvio Berlusconi, voltará a sentar no banco dos réus, desta vez por ter subornado um senador da oposição, em uma nova derrota judicial para 'Il Cavaliere' após as recentes condenações à prisão e interdição de exercer mandato político. Berlusconi será processado pelo suposto pagamento, em 2006, de três milhões de euros ao senador Sergio De Gregorio para que passasse do Partido Itália dos Valores (IDV) ao Povo da Liberdade, a formação do 'Cavaliere', e causasse, com isso, a queda do governo de centro-esquerda liderado na época por Romano Prodi, que venceu as eleições legislativas com uma vantagem apertada. Em 2008, a troca de partido do senador acelerou a queda do governo de Prodi, rival histórico de Berlusconi, que se viu obrigado a renunciar ao cargo apenas dois anos depois das eleições legislativas por ter perdido a maioria no parlamento. Segundo o Ministério Público, Berlusconi pagou 3 milhões de euros, dois deles em espécie, a Sergio De Gregorio pela manobra política. O ex-senador reconheceu o suborno à justiça e à imprensa. A primeira audiência deste novo julgamento acontecerá em 11 de fevereiro, em Nápoles, cidade onde reside o ex-senador corrompido. Berlusconi, um dos homens mais ricos do país, foi diversas vezes acusado por seus adversários de comprar políticos, mas esta é a primeira vez na Itália que um ex-chefe de Governo é levado à justiça por este crime. "É certo que eu aceitei dinheiro de Berlusconi, isso eu já confessei à justiça", declarou há alguns meses De Gregorio durante uma entrevista. "Quando decidi revelar todo o esquema à justiça, limpei a minha consciência, pedi perdão. Eu até escrevi a Prodi pedindo desculpas", revelou nesta quarta-feira De Gregorio ao canal de televisão Sky TG-24. Essa decisão provocou a abertura de um novo julgamento contra Silvio Berlusconi, que luta com vários magistrados da península que o processam por vários crimes, incluindo prostituição de menor de idade, corrupção e evasão fiscal. A justiça italiana também decidiu abrir um julgamento contra o jornalista e empresário Walter Lavitola, ex-diretor do jornal 'L'Avanti', atualmente detido e que confessou que, entre os "favores" que fez a Berlusconi, está a "compra do senador Sergio de Gregorio". De Gregorio foi condenado nesta quarta a 20 meses de prisão, em um acordo amigável com a justiça, concedeu a ele uma redução da pena em troca do reconhecimento de sua culpa. Membros do PDL se manifestaram em defesa de seu líder e para denunciar a decisão da justiça. "O cerco judicial continua sem trégua. Mas Silvio Berlusconi permanecerá por muito tempo o líder da centro-direita e da maioria dos italianos", comentou Renato Schifani, líder dos senadores do PDL. De fato, Berlusconi, de 77 anos, tem acumulado problemas com a justiça nos últimos tempos. Atualmente, o Senado discute a sua exclusão da política após uma condenação, que será definitiva em 1º de agosto, a um ano de prisão por sonegação de impostos. A decisão poderia ser anunciada em meados de novembro. No sábado passado, um tribunal de apelação proibiu Berlusconi de ocupar cargos públicos por dois anos, privando-o do seu direito de votar e ser eleito. E como se isso não bastasse, o julgamento do recurso apresentado no escândalo sexual Rubygate está sendo preparado e deve começar no próximo ano. Silvio Berlusconi foi condenado nesse caso, em junho, a sete anos de prisão por abuso de poder e prostituição de menor. Também foi proibido de exercer qualquer cargo público para sempre. Veja também Justiça proíbe Berlusconi de exercer cargos públicos O veredicto, válido por 2 anos, pode custar ao três vezes primeiro-ministro seu cargo como senador Comissão parlamentar propõe expulsão de Berlusconi A comissão propôs ao plenário do Senado invalidar eleição do líder da direita italiana, Silvio Berlusconi Berlusconi muda de parecer e pede voto de confiança "Decidi, depois de um intrincado debate, votar a favor da confiança", anunciou Berlusconi ante o Senado 'Itália corre um risco fatal', afirma primeiro-ministro Em um país democrático, as sentenças da justiça devem ser executadas, diz sobre Berlusconi