REGIME MILITAR

Nunca fui assassino, diz Ustra à Comissão da Verdade

Coronel disse que 'lutou pela democracia' e negou ter cometido crimes durante o regime militar

10/05/2013 às 14:29.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:53

O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra afirmou nesta sexta-feira, 10, que "lutou pela democracia" e negou ter cometido crimes durante o regime militar. "Nunca fui assassino", disse Ustra aos integrantes da Comissão Nacional da Verdade.

O coronel foi convocado como parte das atividades do colegiado, que ouviu também o ex-agente Marival Chaves Dias do Canto. Ele confirmou que Roberto Artone era agente da repressão e poderia dar informações sobre desaparecidos político, conforme revelou o jornal O Estado de S.Paulo, nesta sexta. O depoimento, ainda em andamento, foi aberto ao público e é transmitido na internet pela comissão.

Antes das perguntas, Ustra fez um depoimento inicial em que defendeu sua atuação no período militar. "Estávamos cientes de que estávamos lutando para preservar a democracia. Lutávamos contra o comunismo. Se não fosse a nossa luta, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o paredão", afirmou. "Hoje não existiria democracia nesse País", completou.

O coronel comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do 2º Exército em São Paulo, entre 1970 e 1974. O nome dele é um dos mais citados em denúncias de violações de direitos humanos no período. "Quem tem que estar aqui é o Exército, não eu", disse em tom exaltado.

"Eu não vou me entregar. Eu lutei, lutei e lutei. Tudo que eu tenho a declarar está no meu livro", afirmou ao final da sua fala. Ustra obteve decisão liminar na Justiça para não responder às perguntas, mas tem respondido parte das questões.

Perguntado sobre um caso de estupro nas dependências do DOI-Codi Ustra reagiu com irritação. "Nunca, nunca, nunca ninguém foi estuprado dentro daquele órgão. Digo isso em nome de Deus. É verdade o que estou falando."

Ustra também negou a ocorrência de mortes no DOI-Codi durante o seu comando. "Sempre admitimos que houve mortos [durante o regime militar]. No meu comando ninguém foi morto dentro do DOI. Todos foram mortos em combate. Dentro do DOI, nenhum."

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