O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira que confia em sua estratégia para o Afeganistão, rebatendo as críticas realizadas por seu ex-secretario de Defesa Robert Gates em um livro de memórias. Em entrevista no Salão Oval da Casa Branca, Obama disse ainda que Gates foi um secretário de Defesa "formidável". A estratégia para o Afeganistão, anunciada em dezembro de 2009 após longos meses de deliberações, "foi correta e continuamos com sua implementação", disse o presidente à AFP. "O importante é que a estratégia é boa". "Sigo tendo fé em nossa missão e - ainda mais importante - minha confiança em nossos soldados não tem brechas", destacou Obama. Em seu livro "Duty: Memoirs of a Secretary at War", Gates descreve uma reunião de março de 2011, na qual Obama parecia não acreditar mais na tática adotada 18 meses antes de enviar mais 30 mil homens para esse país e manifesta suas dúvidas sobre as capacidades do general David Petraeus, então comandante das forças do Afeganistão. "Enquanto me sentava, pensei: o presidente não confia em seu comandante, não apoia (o presidente afegão, Hamid) Karzai, não acredita em sua própria estratégia e não considera que essa guerra seja sua", revela. Obama estava "cético, ou totalmente convencido de que (sua estratégia) iria fracassar", completa o ex-secretário, lamentando a "desconfiança" expressada pelo presidente em relação aos generais encarregados de aconselhá-lo e de por a estratégia em prática. Isso acabou se tornando um "grave problema". Mas nesta segunda-feira, Gates denunciou a instrumentalização política que, segundo ele, foi feita de suas críticas a Obama em suas memórias. Gates se disse "decepcionado devido ao fato de o livro ter sido usado com fins políticos partidários, e de as declarações terem sido tiradas de seu contexto". "Isto faz parte da luta política em Washington que denuncio em meu livro".