O papa Francisco convocou um diálogo aberto baseado na fé em uma carta sem precedentes publicada nesta quarta-feira (11) no jornal de esquerda La Repubblica, com a qual responde às perguntas levantadas pelo co-fundador do jornal, um ateu declarado. A carta responde de forma longa e detalhada às perguntas que o intelectual de esquerda e editorialista do La Repubblica, Eugenio Scalfari, formulou em julho e agosto ao Papa argentino sobre as relações entre a religião, o homem e a sociedade moderna. Francisco responde a ele nas quatro primeiras páginas do jornal. "A cultura moderna fundada no século das luzes acusa frequentemente a Igreja e a cultura de inspiração cristã de representar "o obscurantismo da superstição que se opõe à luz da razão". "Chegou a hora (...) de um diálogo aberto e sem preconceitos que pode reabrir a porta a um reencontro sério e frutífero", acrescenta o Papa, que classifica este diálogo de "valioso e merecido". "Sinto-me confortável ouvindo suas perguntas e buscando com você as vias pelas quais pode ser que possamos começar a traçar um caminho juntos", acrescenta Francisco na resposta. À pergunta sobre se "o Deus dos cristãos perdoa os que não acreditam nele e não buscam a fé", o Papa responde afirmativamente e considera que "o pecado, inclusive para aqueles que não têm fé, é ir contra sua própria consciência". Em um parágrafo dedicado aos judeus, o Papa escreve que "nas terríveis provas sofridas ao longo dos séculos", estes últimos "conservaram sua fé em Deus e, por isso, nunca estaremos suficientemente agradecidos a eles, como Igreja, mas também como humanidade". Por outro lado, o pontífice reconhece "a lentidão, as infidelidades, os erros e os pecados que aqueles que compõem a Igreja cometeram e ainda podem cometer".