A França não quer que o Irã participe da conferência internacional sobre a Síria, anunciou nesta sexta-feira o Ministério das Relações Exteriores, enquanto a Rússia, aliada de Damasco, pediu a presença de autoridades iranianas.
"Em todo caso, (não queremos) o Irã" na conferência agendada por Moscou e Washington prevista para junho, disse o porta-voz do Quai d'Orsay, Philippe Lalliot, durante uma coletiva de imprensa.
"A crise síria, por contágio, afeta toda a região. Está em jogo a estabilidade regional. Não vemos com bons olhos que um país (Irã), que representa uma ameaça para a estabilidade, participe nesta conferência", acrescentou.
A Rússia declarou, em contrapartida, que gostaria que o Irã e a Arábia Saudita fossem convidados para a conferência, considerando que esses países são dois personagens-chave na busca por uma solução política para a crise.
Esses dois países não participaram da reunião de Genebra, realizada em junho de 2012, que deve servir de base para futuras negociações. O mediador para o conflito na Síria na época, Kofi Annan, havia proposto a sua presença, mas Estados Unidos e França se opuseram.
"Cada um deve expressar seus pontos de vista. Vamos tentar garantir que a conferência seja realizada com as pessoas certas, no formato certo, para que seja útil e eficaz", declarou Lalliot.
Ele também reconheceu que a questão da escolha dos interlocutores para negociar é um ponto-chave para o êxito desta reunião. O principal objetivo desta conferência é, de fato, reunir representantes da oposição e do regime sírio na mesma mesa e, desta forma, encontrar interlocutores que sejam aceitos pelos beligerantes e seus respectivos apoiadores.
"Para nós, está claro que a Coalizão Nacional Síria (CNS), reconhecida como a única representante legítima do povo sírio, é o cerne das negociações. Mas não seremos intrusivos a ponto de colocar no papel os nomes das pessoas que representam a oposição nas negociações. Cabe a ela fazer escolhas", disse Lalliot.
Paris é um dos principais apoiadores do CNS.
Quanto aos representantes do regime, é necessário que "eles não tenham sangue em suas mãos", reiterou.