EGITO

Partidários de Mursi são mortos em confrontos com polícia

Um jornalista da AFP contou 37 cadáveres alinhados no necrotério improvisado

Da France Press
correiopontocom@rac.com. br
27/07/2013 às 09:21.
Atualizado em 27/04/2022 às 15:28

Dezenas de simpatizantes de Mohamed Mursi morreram neste sábado (27) no Cairo em confrontos com as forças de segurança que explodiram após uma noite de grandes manifestações a favor e contra o presidente islamita deposto. Um jornalista da AFP contou 37 cadáveres alinhados no necrotério improvisado de um hospital de campanha administrado pelos islamitas no Cairo. Os médicos deste centro afirmaram que todos morreram depois de serem atingidos por balas reais durante os confrontos. Os médicos deste hospital de campanha indicaram que no total 75 pessoas morreram e informaram que seus corpos foram levados a outros centros. Já o balanço fornecido pelo ministério da Saúde subiu para 29 mortos. A violência explodiu horas após o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, advertir que o acampamento que os partidários de Mursi mantêm há quase três semanas ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya na capital do Egito seria desmantelado "no âmbito da lei". E neste sábado o ministro responsabilizou os islamitas por estes confrontos. "A Irmandade Muçulmana não deixou que o dia se desenvolvesse pacificamente e buscou colocá-lo a perder em várias províncias, em particular no Cairo e em Alexandria", declarou o porta-voz do ministério, Hani Abdelatif, referindo-se aos protestos de sexta-feira. No dia 3 de julho, o exército egípcio depôs o islamita Mohamed Mursi, o primeiro presidente eleito democraticamente do país, depois de terem sido registradas grandes manifestações que pediam sua partida. Desde então, dezenas de milhares de partidários da Irmandade Muçulmana, movimento do qual Mursi faz parte, permanecem acampados ao redor desta mesquita no bairro de Nasr City, com a intenção de conseguir sua reincorporação. Por outro lado, os médicos do hospital de campanha da Irmandade Muçulmana informaram que ao menos outras 1.000 pessoas ficaram feridas nestes confrontos contra a polícia registrados na manhã deste sábado na estrada que conduz ao aeroporto internacional do Cairo. Já o ministério da Saúde informou sobre 177 feridos. Um líder da confraria, Murad Ali, disse à AFP que a polícia disparou balas reais. No entanto, a agência de notícias oficial Mena citou um funcionário de alto escalão da segurança que garantiu que a polícia utilizou apenas bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que lançavam pedras. O ministério do Interior também confirmou que foram utilizadas apenas bombas de gás lacrimogêneo. Os pró-Mursi ressaltaram que estes confrontos ocorreram após o discurso do chefe do Exército, o general Abdel Fatah al-Sissi, que pediu para que os egípcios saíssem às ruas na sexta-feira para conceder a ele um mandato com o objetivo de "acabar com o terrorismo". "Estas declarações de Sissi incitam a violência e o ódio e servem para encobrir os crimes odiosos do exército e da polícia egípcios", afirmaram em um comunicado. --- "No âmbito da lei" --- Os egípcios se mobilizaram em massa na sexta-feira em todo o país, respondendo às convocações realizadas pelos dois grupos. Sete manifestantes morreram e 194 ficaram feridos durante os confrontos em Alexandria (norte), a segunda maior cidade do país. A violência relacionada aos problemas políticos do país deixou mais de 250 mortos em um mês. Além disso, a península do Sinai enfrenta uma rebelião latente, que na sexta-feira deixou um morto e cinco soldados feridos pelas mãos de homens armados. Por outro lado, a justiça ordenou a prisão preventiva por no máximo 15 dias de Mohamed Mursi, que permanece detido pelo exército em um local secreto desde o dia de sua deposição. O tribunal do Cairo que ordenou sua prisão preventiva o acusa de ser supostamente cúmplice de operações fatais contra as forças de segurança, imputadas ao Hamas palestino e levadas adiante durante a revolta contra o presidente Hosni Mubarak em 2011. As acusações se centram principalmente na ajuda que o Hamas teria fornecido para fugir da prisão na qual o regime de Mubarak o havia detido.

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