PROTESTOS

Piracicaba tem manifesto e mais vandalismo nesta terça

A confirmação da redução da tarifa de ônibus na cidade não impediu protestos e ações de vândalos

Da Gazeta de Piracicaba
correiopontocom@rac.com.br
26/06/2013 às 12:30.
Atualizado em 27/04/2022 às 14:57

A redução da tarifa de ônibus foi confirmada, nesta terça-feira (25), pelo Comitê Gestor do Transporte Coletivo de Piracicaba, que passou para R$ 2,80 o embarque com cartão TIP, ante os R$ 3,00 cobrados desde o reajuste que ocorreu em dezembro. Na reunião, também ficou definido que o preço a ser pago no embarque nos ônibus e no terminal será de R$ 3,00 e não mais R$ 3,40. O passe do estudante foi o que teve maior redução, caiu de R$ 2,25 para R$ 1,50. Os novos valores passam a valer a partir da zero hora de sábado (29).

Com esses novos valores, o trabalhador que utiliza duas vezes o transporte coletivo no dia (R$ 5,60) irá pagar por 30 dias de uso, o valor de R$ 168,00, antes, no mês, o custo era de R$ 180,00. O estudante que gastava R$ 4,50 por dia e por 22 dias pagava R$ 99,00, agora irá ter um gasto de R$ 66,00, uma economia de R$ 33,00 no mês.

Mesmo com a decisão do prefeito Gabriel Ferrato, de reduzir a tarifa e de abrir mão de uma receita de R$ 4,3 milhões, que deverão ser subsidiados, foi realizado protesto nesta terça-feira (25), com mais quebra-quebra.

Protesto

Pelo menos 2 mil manifestantes saíram às ruas, nesta terça-feira (25)ontem. Não satisfeito com a redução do preço da tarifa, o movimento Pula Catraca prega a revogação do aumento ocorrido em dezembro do ano passado quando o preço ainda era de R$ 2,60 e passou para R$ 3 (TIP) e R$ 3,40 a bordo, no fim da gestão Barjas Negri.

O pedido é que retorne aos R$ 2,60 e a partir disso zere o valor da passagem, "estatizando" o transporte público piracicabano.

Inicialmente, às 17 horas, com a baixa temperatura e o céu nublado prometendo chuva, a impressão era de que o ato não reuniria mais do que 300 pessoas no TCI. Mas com o passar das horas, a concentração aumentou, os ativistas tomaram a avenida Armando de Salles Oliveira e às 19 horas já se concentravam na Ponte Caio Tabajara, sobre o rio Piracicaba.

Minutos antes de chegar à ponte Tabajara, um pequeno grupo de "criminosos" provocou correria na Armando de Salles. Ali, abriram um baú frigorífico de um caminhão da empresa Aurora e saquearam alguns pacotes de carnes. O motorista percebeu e conseguiu afugentá-los.

A partir desse momento, o cenário começou a mudar. O mesmo grupo se separou da massa de ativistas e chegou à avenida Rui Barbosa e depredou uma unidade do Bradesco. Eles também atiraram uma pedra em direção aos PM's postados na Rui Barbosa, mas os policiais não revidaram.

Próximo ao Shopping Piracicaba, atiraram pedras em um ônibus do transporte público quebrando um dos vidros. O motorista acelerou e saiu do tumulto. Descendo a avenida Torquato da Silva Leitão, picharam alguns muros e já sob chuva, apedrejaram revendas de veículos de volta à Armando de Salles Oliveira. Houve corre-corre e a PM usou bombas de efeito moral buscando dispersar os arruaceiros.

Mais adiante ao TCI, vidros da Rodoviária e do Teatro Municipal Dr. Losso Neto foram atingidos. Nesse momento, por volta das 21h30, o ato popular em si já havia se dispersado há pelo menos meia hora.

Ativistas e seus líderes repudiaram os episódios de destruição. Em alguns momentos, porém, manifestantes mais exaltados expressaram fortes insultos ao prefeito Gabriel Ferrato. Uma perua do Sindicato dos Bancários garantia a sonorização do ato.

A exemplo de passeatas anteriores, o grito de guerra mais ouvido foi o "Vem, vem pra rua vem contra o aumento". Com o novo cenário da baixa da tarifa, outro grito ganhou as ruas: "Se o Ferrato não revogar, a cidade vai parar".

Segurança

Por parte da Guarda Civil, a segurança do TCI contou com pelo menos 30 guardas. Desta vez a PM acompanhou mais de perto a passeata. Após ser comunicada sobre o vandalismo na Rui Barbosa, pelo menos 40 PM's se dirigiram àquele corredor comercial. PM's também se posicionaram no centro em pontos comerciais da rua Benjamin Constant e Governador Pedro de Toledo.

Críticas

A Gazeta ouviu três líderes do Pula Catraca, ainda antes da passeata. Os professores Arary Galvão, Marcelo Bezerra e a agrônoma Camila Deinat afirmaram que a "luta" prossegue em busca da revogação do preço da tarifa. "É o povo na rua se manifestando", disse Galvão, que é professor de Filosofia.

Também disseram que o prefeito Gabriel Ferrato "virou as costas para o movimento. Temos um projeto para o transporte público na cidade", declarou Camila. Para Bezerra, que é professor de Sociologia, a queda do preço da passagem foi uma prova da "força do povo nas ruas".

Na análise do Pula Catraca, disse ele, o reajuste inicial havia sido "um abuso". Os três citaram ainda os "20 mil nas ruas" na última quinta-feira (20) - na soma da PM, cerca de 12 mil -, e que os atos nas ruas foram "verdadeiras lições de democracia". Galvão frisou que o Pula Catraca tem um leque maior de reivindicações que abrange o transporte, a educação, a saúde e a segurança. Os três ainda disseram que a PM não fez a segurança dos manifestantes.

Ainda no TCI, antes de sairem em passeata, uma das integrantes do movimento disse aos participantes que seguranças organizados pelo Pula Catraca estavam entre eles e que poderiam ser identificados com faixas vermelhas no braço esquerdo. Até as 22 horas, uma pessoa tinha sido detida por baderna. 

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