O presidente francês, François Hollande, comprometeu-se a combater o "pessimismo" dos franceses, prometendo uma recuperação econômica nos próximos meses, em uma entrevista concedida neste domingo após o desfile de 14 de julho, que celebrou a "vitória" no Mali.
Enquanto persistem as dúvidas sobre a sua política, o presidente francês se propôs a dissipar o "pessimismo" que caracteriza "há anos" a França em relação a seus vizinhos.
"A recuperação está aqui!", assegurou o presidente, citando a retomada do crescimento industrial. "Existe a certeza de que o segundo semestre será melhor do que o primeiro", garantiu, apesar do ceticismo geral sobre o estado da economia francesa.
Para atingir seu objetivo de reverter a tendência da taxa de desemprego até o final do ano (que atinge 11% da força de trabalho), François Hollande não apresentou novas medidas, contando com as já adotadas, como a criação de postos de trabalho subsidiados para jovens pouco qualificados.
"Estou lutando, não quero inventar mais uma medida (...) a política não se faz com mágica, mas com vontade, estratégia, consistência", disse Hollande, que convocou seus compatriotas a superar seu pessimismo, mais profundo do que em "países em guerra."
Este tímido crescimento deve ajudar a França a superar os desafios "dos próximos dez anos", como o problema energético, insistiu.
Mas, segundo o presidente, esta questão não será solucionada com a exploração de gás de xisto, como exigido pela indústria.
Ele também indicou que a França vai investir "mais na manutenção das linhas (ferrovias) tradicionais", ao invés de focar os investimentos nas de alta velocidade, após o acidente de trem que matou seis pessoas na sexta-feira, perto de Paris.
Questionado sobre uma eventual candidatura em 2017 contra Nicolas Sarkozy, que apresentou esta semana uma plataforma política, o socialista disse que não teme o retorno do ex-presidente, que "pode perfeitamente ser candidato novamente."
O avanço da Frente Nacional, no entanto, suscita sérias preocupações. O fato de o partido de extrema-direita ocupar o "centro" da política francesa é "muito grave", disse.
O presidente francês iniciou este Dia Nacional à frente da tradicional parada militar na avenida Champs-Elysées, em Paris, na presença de uma grande multidão.
Com a participação de soldados do Mali e sob as bandeiras de 12 países africanos, o desfile de 2013 foi denso e variado para comemorar o que Hollande chamou de "vitória" no Mali.
A França ainda mantém 3.200 soldados no país, seis meses após o início de sua incursão.
A multidão aplaudiu as tropas francesas da operação Serval, mas também os aviões Rafale, os helicópteros Tiger e a nova aeronave de transporte Airbus A400M, a estrela do desfile aéreo.
Um destacamento da brigada franco-alemã, com o general alemão Gert-Johannes Hagemann à frente, também atravessou a famosa avenida de Paris para lembrar o 50º aniversário do Tratado do Eliseu. Após a assinatura desse documento, franceses e alemães deixaram de ser inimigos de várias guerras travadas para se tornarem parceiros, possibilitando o avanço do processo de integração europeu.
Último país a aderir à União Europeia, a Croácia participou das festividades com um pequeno destacamento de soldados em seus trajes vermelhos tradicionais.
Convidados de honra, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o presidente croata, Ivo Josipovic, e o o presidente do Mali, Dioncounda Traore, almoçaram com François Hollande no Palácio do Eliseu após a parada militar.