VIDA REAL

Primos se casam após 60 anos do último encontro

Gilberto ficou casado por 55 anos, enquanto Isabel, por 44, antes que se reencontrassem

Juliana Franco
juliana.franco@gazetadepiracicaba.com.br
17/02/2014 às 14:35.
Atualizado em 27/04/2022 às 19:01

O amor não tem idade e o frio na barriga não é exclusividade de paixões adolescentes. O sentimento marca o reencontro de casais que viveram uma história de amor no passado e, após seguirem rumos diferentes, acabam se cruzando novamente. É o caso dos primos Isabel Cristofoletti, 78 anos, e Gilberto Cristofoletti, 82 anos. Esta história daria um bom roteiro de cinema, com direito ao frio na barriga e votos de casamento, seis décadas depois do último encontro. Os pais de Isabel e Gilberto eram irmãos e durante toda a adolescência, Gilberto alimentou um amor platônico pela prima Isabel. Como ele já tinha mais de 18 anos e ela ainda tinha 15 anos, o zelador aposentado resolveu esperar que a amada chegasse à maioridade. "Sabia que nossos pais não iam aceitar um amor entre primos, ainda mais ela sendo nova. Mas eu a amava tanto que fazia, inclusive, planos de sequestrá-la", conta Gilberto. Isabel nunca soube deste sentimento. Três anos depois, quando Gilberto foi procurar a moça, o apaixonado descobriu que ela havia se casado. Então, mudou-se para São Paulo. Na capital, também se casou, permaneceu ao lado da companheira por 55 anos, teve uma filha, hoje com 52 anos, e há um tempo ficou viúvo. Já Isabel, também viúva, ficou casada por 44 anos, mas não teve filhos. Namorador, Gilberto "se enroscou" com algumas mulheres antes de reencontrar o grande amor de sua vida. "Antes de namorar alguma mulher, entregava um questionário a ela, que também continha informações sobre mim", revela. Seis décadas depois de deixar Piracicaba, retornou ao município para visitar a irmã. Na ocasião, perguntou sobre a prima Isabel. Foi então que a irmã de Gilberto atuou como cupido e organizou o reencontro do casal. "Não imaginei que havia segundas intenções neste reencontro. Quando eles chegaram em casa, Gilberto de cara me entregou o questionário. Eu li e não entendi que era um pedido de namoro, por isso, devolvi a ele, sem responder. Comecei a desconfiar e percebi que havia algo estranho quando a minha prima foi se despedir e disse 'tchau prima, ou será cunhada?'", relembra Isabel. Triste e sem a resposta esperada, Gilberto resolveu fazer mais uma tentativa e pediu para a irmã que desse um recado a Isabel. "Pedi para que minha irmã dissesse a Isabel para me ligar. Fiz isto porque, se ela ligasse, era porque tinha se interessado". Foi então que o tão esperado telefonema uniu o casal. Por algumas semanas, o namoro ocorreu à distância. Ele em São Paulo e ela em Piracicaba. Menos de um mês após o reencontro, quando convidado pela prima para visitá-la novamente, Gilberto foi direto: disse que só retornaria à cidade se fosse de "mala e cuia". "Afinal, já temos certa idade e não temos tempo para perder. Quem dá tempo são os jovens", diz o aposentado. Apesar de receosa, Isabel conversou com a prima e aceitou o pedido de namoro de Gilberto. Assim como também aceitou que ele viesse morar em sua casa. Há três anos, com o consentimento de toda a família, inclusive da filha do zelador aposentado, o casal subiu ao altar e disse sim. A união na igreja ocorreu no dia 14 de janeiro de 2011. Isabel usou um vestido longo verde e, após a cerimônia religiosa, os pombinhos organizaram uma festa. "Fiz tudo que eu tive direito, igreja, vestido e buquê. Foi um dia emocionante. Fizemos questão de registrar em vídeo e fotos o momento", conta a aposentada. Já no civil, os documentos foram assinados em março do mesmo ano. Viagens Hoje, o casal vive de forma intensa. Carinhosos, o beijo nunca pode faltar, assim como as viagens. Todas feitas com grupos da terceira idade. "Já fomos várias vezes para a praia. Aqui em Piracicaba, vamos para o bingo e às vezes ao baile. O problema é que o Gilberto não gosta de dançar", revela a esposa. "Somos felizes, muito felizes. A nossa história é linda", finaliza o zelador aposentado.

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