CLIMA

Recorde de concentração de gases do efeito estufa

Relatório aponta que "frações molares de dióxido de carbono e metano alcançaram máximos em 2012"

France Press
correiopontocom@rac.com.br
06/11/2013 às 08:41.
Atualizado em 27/04/2022 às 17:20

O ano de 2012 foi marcado por um novo aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, que provocam o aquecimento global, uma situação que não deve melhorar em 2013, segundo especialistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU. "A notícia não é boa", declarou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, ao apresentar nesta quarta-feira (6) à imprensa o último boletim da organização sobre as emissões de gases do efeito estufa para o ano de 2012. Os três principais gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, registraram novos recordes de concentração na atmosfera em 2012 em todo o mundo. Os últimos estudos mostram que a concentração de CO2, o gás mais abundante na atmosfera, aumentou em 0,56% entre 2011, o ano recorde anterior, e 2012. Para o metano, outro gás do efeito estufa estudado pela OMM, o aumento foi de 0,33%, e para o óxido nitroso (N20), o aumento foi de 0,28%. De acordo com Jarraud, "a situação tende a piorar em 2013, já que nenhuma decisão foi tomada para acabar com essa tendência". "Esta não é uma curva linear, ela continua em ascensão acelerada". Segundo ele, se o mundo continuar nesse caminho, "a temperatura média global até o final do século poderia exceder 4,6 graus do que era antes da era industrial (em 1750), e ainda mais em algumas regiões, as consequências seriam catastróficas". O CO2, ou dióxido de carbono, é a principal causa do aquecimento global. Sua concentração na atmosfera aumentou em 2012 de 2,2 ppm (partes por milhão), em comparação com um aumento de 2,0 ppm em 2011. O aumento médio nos últimos 10 anos foi de 2,02 ppm e, em 2012, os números mostram uma "tendência de aceleração". O CO2 provém da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento. "Este é um gás que permanece na atmosfera por centenas ou mesmo milhares de anos", revela a OMM, acrescentando que "a maioria dos aspectos das mudanças climáticas persistirá durante séculos mesmo que as emissões de CO2 parem completamente". A OMM também observou um aumento na concentração de metano (CH4) a partir de 2007, quando tinha estabilizado "para um valor próximo de zero" entre 1996 e 2006. A organização não tem explicações para esse aumento, registrado principalmente no hemisfério norte, nas latitudes médias e tropicais. "É difícil dizer se este aumento é devido a fatores humanos ou naturais", indicou um especialista da OMM. Cerca de 60% das emissões de metano na atmosfera é de origem humana. Elas são causadas pela pecuária, o cultivo de arroz, aterros e queima de biomassa. Finalmente, o terceiro gá responsável pelo efeito estufa, o óxido nitroso (N2O), é encontrado principalmente nos pesticidas. Para este gás, a taxa de aumento entre 2011 e 2012 (0,9 ppb) foi superior a média dos últimos 10 anos (0,8 ppb). O relatório da OMM é publicado no dia seguinte à divulgação de um outro estudo de uma agência da ONU, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, segundo o qual as chances de conter o aquecimento climático em +2°Celsius no século XXI diminuiu sensivelmente. Esses informes do PNUE e da OMM saem a poucos dias da Conferência Anual sobre o Clima em Varsóvia, na próxima semana.

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