Uma pequena minoria de republicanos do Reino Unido, que pede o fim dos privilégios e o respeito à igualdade de direitos das crianças, lançou uma campanha denunciando a histeria da mídia e das pessoas diante do nascimento do "bebê real". O grupo Republic, com o slogan "Born Equal" (nascidos iguais), incentivou, através de sua página na internet, a imprensa e o público a "refletirem sobre as importantes questões que um nascimento real traz, em relação à Grã-Bretanha e ao nosso sistema político".
"Todas as crianças não deveriam ter os mesmo direitos ao nascer? Este bebê real não deve ter os mesmos direitos que todos? Esta é uma forma inteligente para designar nosso futuro chefe de Estado?", questiona o grupo, que diz ter cerca de 20 mil participantes, vindos de todas as linhas políticas e que representariam, segundo eles, "entre 10 e 12 milhões de republicanos" no país.
De acordo com as pesquisas, os republicanos compõem, nos últimos dez anos, aproximadamente 15% da população.
Para quem quer apoiar esta campanha, o portal do Republic comercializa babadores, camisetas e broches com slogans revolucionários, em uma disputa bastante desigual contra a avalanche de objetos de decoração e souvenirs que são vendidos em função da chegada do "bebê real".
Há cerca de dez dias, as emissoras de TV do mundo inteiro se posicionam em frente ao hospital St Mary, onde Kate Middleton deve dar à luz nos próximos dias. O grupo Republic quer ser a voz das "milhões de pessoas na Grã-Bretanha sufocadas pela cobertura exagerada, superficial e intrusiva do nascimento real".
"Em frente à maternidade, se vê a histeria da mídia, mas duas ruas à frente nos damos conta de que as pessoas não se importam", explica à AFP Graham Smith, um dos líderes dos republicanos.
"Nossa campanha se inclui em um movimento mais amplo, que questiona o lugar dos valores democráticos neste país. Há dois ou três anos, aproveitamos todos os acontecimentos reais para divulgar nossa posição", acrescenta Smith.
Porém, com uma monarquia cuja popularidade está em no auge e com um evento de sorte como o nascimento de uma criança, parece difícil fazer com que a maioria dos britânicos se volte para os valores republicanos.
"Não há muito espaço nos meios de comunicação para que as pessoas que tenham ideias republicanas possam se fazer ouvir", reconhece o cientista político Tony Travers, da London School of Economics (LSE).
"A monarquia é popular e faz vender jornais", destaca.
O Guardian e o Independent, que são os jornais que mais podem defender os valores republicanos, se encontram politicamente mais ao lado do partido dos trabalhadores ou dos liberal-democratas do que do lado dos conservadores.
Além disso, a alternativa ao regime não é clara, observa Tony Travers. "A Austrália quis, no passado, se livrar da monarquia, mas não conseguiu encontrar alternativas", recorda.
Graham Smith disse que gostaria que sua voz tivesse mais alcance, mas reconhece que é muito difícil lutar agora contra essa histeria em torno do nascimento do bebê real.