REFLEXO

Secretaria de Saúde busca leitos de UTI privados

Medida visa suprir déficit causado pela interdição de ala no Celso Pierro devido à superbactéria

Cecília Polycarpo Cebalho
cecilia.cebalho@rac.com.br
30/07/2013 às 08:28.
Atualizado em 27/04/2022 às 15:36

Hospitais particulares de Campinas foram acionados pela Secretaria de Saúde para cederem leitos de Unidade de Terapia Intensiva Adulta (UTI) para o Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto a ala para pacientes graves do Hospital e Maternidade Celso Pierro (Hospital da PUC) estiver interditada por causa do surto de uma versão resistente da bactéria Klebsiella pneumoniae. Cinco vagas foram oferecidas ontem, quatro pelo Hospital Casa de Saúde e uma pelo Hospital Beneficência Portuguesa.No último sábado, a direção do Celso Pierro anunciou que a UTI não receberá pacientes por pelo menos um mês, até a contaminação ser controlada. A iniciativa da Prefeitura é um esforço para diminuir os reflexos do déficit de nove vagas de UTI adulta do SUS. O Celso Pierro deixará de atender também nos dez leitos reservados para convênios particulares. Até a tarde de ontem, a rede de Saúde do município ainda contava com quatro leitos do SUS vagos, dois no Hospital Dr. Mário Gatti e dois no Ouro Verde.“Como nosso sistema é muito instável, estamos tentando recompor a oferta de vagas. Além disso, fizemos um reforço nos pronto-socorros, com mais pessoal e equipamentos”, explicou a diretora do Departamento de Gestão e Desenvolvimento Organizacional da Secretaria de Saúde, Ivanilde Ribeiro. Segundo ela, além da Casa de Saúde e do Beneficência, foram acionadas outras quatro unidades: o Hospital Vera Cruz, o Hospital Maternidade Madre Teodora, o Centro Médico e Hospital Renascença.A Vigilância Sanitária fez uma vistoria no Celso Pierro na manhã de ontem, para verificar a adequação das medidas tomadas pela direção do hospital para conter o surto. De acordo com a médica infectologista Ana Laura Tozi Zanatto Bortolli, todos os procedimentos feitos no hospital até agora estão dentro das normas. “Vamos continuar acompanhando o processo de investigação das causas do surto. Nossa competência é vigiar essas medidas, mas sabemos que determinar o momento e circunstância em que esse organismo entrou no hospital não é fácil e demanda tempo”, disse. Segundo ela, a versão resistente da Klebsiella pneumoniae, que produz a enzima carbapenemase, existe desde 2006 em ambiente hospitalar no Brasil. ContaminaçãoNo total, 11 pacientes estão contaminados, sete isolados em leitos da UTI e quatro isolados em vagas de internação comum. Apenas um deles, que está na UTI, desenvolveu a infecção no sangue. A superbactéria não responde com facilidade a antibióticos e pode causar pneumonia, infecção sanguínea, urinária, em feridas cirúrgicas e enfermidades que podem evoluir para um quadro de infecção generalizada, e eventualmente levar à morte. Os enfermos que já se encontram na UTI continuarão em tratamento.As informações foram passadas na manhã de sábado pelo médico e diretor técnico do hospital, Ricardo Sugahara, e pela coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Celso Pierro, Irene Rocha Haber. Segundo eles, a superbactéria existe no hospital desde 2009, mas em janeiro a equipe verificou o aumento da versão resistente, a Klebsiella pneumoniae Carbapenemase, a (KPC). A UTI não havia sido interditada anteriormente porque os níveis de contaminação estavam dentro da curva aceitável para a unidade continuar atendendo, segundo Irene.Os pacientes em isolamento são tratados por profissionais que usam luvas, avental e máscara. Cada um está em um cômodo separado, que fica com as portas fechadas. As roupas e utensílios de médicos e enfermeiros que entram em contato com os contaminados são imediatamente descartados após o uso. Os visitantes também precisam entrar com proteção na ala. “São medidas que não são comuns em UTI. A luva, por exemplo, não é normalmente usada”, disse a coordenadora.

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