O Sistema Único de Saúde (SUS) começa a partir do dia 10 de março a realizar a vacinação contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) para as meninas de 11 a 13 anos. A vacinação terá como meta prevenir o câncer de colo de útero de 80% das 5,2 milhões de meninas do que formam o público-alvo da campanha. A meta foi apresentada nesta quarta-feira (22), pelo Ministério da Saúde, com a presença do atual ministro, Alexandre Padilha (PT), que deve deixar a pasta em breve para concorrer ao governo de São Paulo. O sucessor será o secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP), Arthur Chioro, que já foi convidado para o cargo pela presidente Dilma Rousseff. Para aumentar a eficácia, o ministério decidiu realizar a imunização das meninas em três doses. A primeira começará em março e será realizada em 36 mil salas de vacina do SUS e pelas escolas públicas e privadas. A segunda e a terceira doses, respectivamente aplicadas seis meses e cinco anos após a primeira vacinação, serão realizadas apenas pelo SUS. Esse esquema de dosagem espaçada é recomendado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e atualmente é usado por Canadá, Suíça, México e Colômbia. A coordenadora do programa de Imunização do Ministério da Saúde, Carla Domingues, disse que a intenção de se articular com as escolas o início da vacinação têm por objetivo garantir "uma alta cobertura". Este ano, a vacinação abrangerá meninas de 11 a 13 anos. No ano seguinte, a idade será realizada para 9 a 11 anos e, em 2016, começará a ser realizada a partir dos 9 anos. Nesse período, se tiver alguma menina que não tiver tomado a dose inicial e esteja dentro das idades de vacinação, ela poderá tomar a vacina. Segundo o ministério, todos os estudos mostram que, quando a vacinação é feita na faixa etária de 9 a 13 anos, a produção de anticorpos para proteger a mulher do HPV tem maior intensidade. A pasta destacou ainda que as meninas têm iniciado sua atividade sexual a partir dos 13 anos e, com a vacinação, vão se proteger. As prefeituras e escolas terão liberdade para adotar também esquemas específicos de imunização. As adolescentes terão de apresentar o cartão de vacinação ou documento de identificação. Os pais que não quiserem que suas filhas sejam vacinadas terão de assinar um termo de recusa. O ministro da Saúde disse acreditar que a adesão será grande. Padilha observou que o câncer de colo de útero é o terceiro maior tipo de incidência entre as mulheres brasileiras e o quarto em mortes no País. Segundo ele, em algumas regiões do País, como no Norte, é o câncer mais letal para a população feminina. A vacina contra o HPV tem eficácia de até 98% contra o câncer de colo do útero. "O pai e a mãe têm que pensar, antes de mais nada, em proteger a sua futura mulher, ainda menina, contra o HPV", afirmou Padilha. Custos O ministério vai investir R$ 1,1 bilhão para comprar 41 milhões de doses da vacina durante cinco anos. Para se produzir a vacina a pasta firmou uma parceria para desenvolver a vacina com a Merck e o instituto Butatan, que vai receber no período tecnologia para se produzir as doses. Cada uma delas terá custo inicial de R$ 31,02, segundo a pasta, o menor preço no mercado mundial. No primeiro ano, o custo da vacinação será de R$ 465 milhões. Com a transferência de tecnologia, o ministério estima que será economizado R$ 316 milhões. A pasta vai lançar nos próximos dias uma campanha de conscientização sobre a vacina contra o vírus. "Nós teremos a maior campanha de vacinação do HPV no mundo, certamente", aposta Alexandre Padilha. Desde o ano passado, o Distrito Federal e o Amazonas são as únicas unidades da federação que têm vacinação contra o vírus para meninas. Mas os dois locais se valem de estratégias de imunização diferentes da adotada pelo ministério.