Chuvas torrenciais castigavam a cidade de Moore, nesta quinta-feira, no subúrbio de Oklahoma City, complicando as operações de remoção dos escombros três dias depois que um potente tornado matou 24 pessoas e destruiu 1.200 casas nessa localidade no centro-sul dos EUA.
Entre as vítimas fatais do tornado, um dos mais destrutivos dos últimos anos nos Estados Unidos com rajadas acima de 320 km/h, estão oito crianças que ficaram presas em uma escola primária que desabou, e dois bebês.
"Esperamos e rezamos para que esses números sejam definitivos e que não subam mais", disse a governadora de Oklahoma, Mary Fallin, em entrevista coletiva em Moore depois da confirmação do último balanço de 377 feridos e da revisão para baixo do número de casas atingidas.
Segundo a previsão meteorológica, a chuva continuaria a cair ao longo do dia sobre Moore. As inundações em algumas ruas aumentavam a dificuldade de circulação dos veículos de emergência e limpeza, além de atrapalhar os moradores que, na véspera, haviam começado a revirar o que sobrou das casas, em busca de objetos pessoais.
"Com esses raios, não pudemos subir hoje de manhã no telhado para cobri-lo com uma lona. Não queríamos estar em uma escada deixado da tromba d'água", disse Lane Yeager, proprietário de uma empresa de construção. "Essas pessoas sobreviveram ao tornado, mas agora a chuva vai destruir o que lhes restou", lamentou.
A agência de resposta a emergências de Oklahoma informou que 1.200 casas foram danificadas, e mais de 33.000 pessoas foram afetadas nessa comunidade, que conserva a lembrança de um tornado ainda pior que deixou mais de 40 mortos em maio de 1999.
O Senado de Oklahoma já aprovou 45 milhões de dólares em ajuda, mas os danos podem chegar a até US$ 2 bilhões, duplicando os prejuízos causados pelo tornado de 1999, declarou à CNN o diretor do Departamento de Seguros do Estado, John Doak, que disse já ter recebido 4.000 declarações de acidentes.
Mais de 75% dos tornados no mundo acontecem nos EUA e, mais especificamente, no estado de Oklahoma, situado no chamado "Corredor dos Tornados", as grandes planícies do centro do país.
Abrigos
A cidade começou a enterrar seus mortos. Na manhã desta quinta, foi celebrada a cerimônia de despedida de uma menina de nove anos encontrada entre os escombros de sua escola, junto com uma amiga.
Seu obituário, publicado no jornal local "NewsOk", conta que "Tonie" e sua melhor amiga "Emily" eram "inseparáveis". "Até o último momento, elas abraçaram uma a outra até o céu, onde nunca estarão sozinhas", completa o texto.
Nenhuma lei local ou federal obriga a instalar abrigos anti-tornados nas casas, nem mesmo nas escolas. Os proprietários que quiserem ter esse tipo de proteção devem pagar até 4.000 dólares pela versão mais básica. Apenas entre 10% e 20% das casas da área devastada na segunda-feira dispunham de um desses bunkers, relatou o professor de Meteorologia da Universidade de Oklahoma, John Snow.
Um deles é o pedreiro aposentado Mel Evridge. Depois do tornado de 1999, ele construiu um abrigo subterrâneo onde se protegeu na segunda. Diferentemente da maioria das casas americanas, feitas de madeira, Evridge construiu a sua, nos anos 1970, com pedras da região. No dia do tornado, a estrutura resistiu aos fortes ventos.
A secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, que na quarta-feira foi para a área afetada, garantiu que as equipes de resgate se manterão na região "até o final da reconstrução".
"Os habitantes de Moore são fortes", disse. "A dor que sentimos hoje é indescritível, mas já passamos pela tragédia e saímos mais fortes como povo e como Estado", acrescentou.
O presidente Barack Obama deverá ir a Moore no domingo para avaliar o alcance dos danos. Visitará "as famílias que foram atingidas e agradecerá aos membros dos serviços de emergência" por seu trabalho, informou a Casa Branca.