MEIO AMBIENTE

Tragédia de Itaoca afeta pesca no Vale do Ribeira

Unesp constatou perdas em 17 espécies de peixes e uma de camarão devido aos resíduos lançados

Da Agência Estado
correiopontocom@rac.com.br
24/01/2014 às 16:53.
Atualizado em 27/04/2022 às 18:38

A tragédia de Itaoca, atingida por uma tromba d'água no último dia 13, pode afetar de forma drástica a atividade pesqueira no Vale do Ribeira e litoral sul do Estado de São Paulo. Amostragens realizadas por docentes do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Registro, constataram perdas em 17 espécies de peixes e uma de camarão em razão da grande quantidade de resíduos lançada pelo fenômeno nas águas do rio Ribeira. O presidente da Colônia de Pescadores Z 7 de Iguape, Rafael Ribeiro, vai pedir ao governo estadual o repovoamento do rio com as espécies mais atingidas, como curimbatá, robalo, jundiá e mandi.  O estudo da Unesp foi realizado entre as cidades de Registro e Sete Barras, banhadas pelo rio após a passagem por Itaoca, uma semana depois do temporal. As espécies mais abundantes entre os peixes mortos foram manjuba, com 34,3%, curimbatá, com 22,6%, e mandi, com 7,8%, sendo o restante dividido entre as demais espécies. Os peixes mortos foram observados flutuando no rio ou retidos nas margens. Havia acúmulo de peixes próximo de Sete Barras e Registro, o que levou à conclusão de que, uma semana após o temporal, os peixes ainda rodavam pelo rio, e que a mortandade fora causada pelos deslizamentos de terra ocorridos 60 quilômetros à montante. De acordo com os pesquisadores, embora o nível do prejuízo para a atividade pesqueira ainda seja incerto, a grande quantidade de peixes mortos aponta para menor abundância das espécies atingidas nos próximos anos. É o caso do curimbatá, espécie comercial pescada praticamente o ano todo, cujo ciclo de vida se restringe às águas doces do Ribeira. Também pode ter sido afetado o ciclo de reprodução da manjuba, espécie importante do ponto de vista comercial e ecológico. O peixe migra do mar para o rio nesta época do ano para a reprodução. Com o fenômeno, os cardumes podem ter sido dizimados ou se refugiado no mar num período em que as fêmeas deveriam estar desovando no rio. Incerteza Para o presidente da colônia, que reúne 1,8 mil pescadores de Registro, Iguape e Ilha Comprida, o futuro da atividade é incerto. Nesta sexta-feira (24) terminou o período de defeso (proibição) e a pesca da manjuba será retomada neste fim de semana. "O estuário todo de Iguape foi afetado pela lama e ainda não dá para saber se os cardumes vão aparecer." Ele acredita que o dano também foi grande na população de robalos. "O peixe que escapou da mancha de sujeira fugiu para o mar." Também morreram muitos exemplares de lagostim preto e amarelo. "É uma espécie que já estava ameaçada de extinção", afirmou. Veja também Localizado corpo da 24ª vítima do temporal em Itaoca O corpo foi identificado como sendo de Márcio Fabrício Schavard, que estava entre os desaparecidos Sobe para 22 o número de mortos na cidade de Itaoca Cinco pessoas seguem desaparecidas e uma hospitalizada: ao todo, 34 estão desabrigados Número de mortos após temporal em Itaóca sobe para 14 Há pelo menos 100 famílias desalojadas e 19 desabrigadas; Bombeiros e continuam resgates Alckmin passa a noite em região atingida pelas chuvas Pelo menos oito pessoas morreram e 12 estão desaparecidas desde o último domingo  

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por