Mais da metade dos vendidos em ruas, praias e restaurantes de nove capitais são contaminados
Mais da metade dos alimentos comercializados em ruas, praias e restaurantes de nove capitais brasileiras que serão sedes da Copa do Mundo de 2014 são contaminados. A constatação é de uma pesquisa inédita divulgada esta semana pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De acordo com o teste, realizado entre abril e maio deste ano, 57% dos alimentos estão insatisfatórios, ou seja, apresentaram falha na higiene em alguma etapa da produção. Do total de amostras analisadas, apenas 32% estavam próprias para o consumo. Foram encontrados microrganismos nocivos à saúde, como coliformes fecais, estafilococos e bacillus cereus - bactérias que podem causar a síndrome conhecida como DTA (sigla para Doença Transmitida por Alimento), que provoca diarreia, vômitos, perda do apetite e náuseas. A investigação avaliou alimentos coletados nas cidades de Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP), Vitória (ES) e Guarujá (SP). O objetivo, após este diagnóstico, é traçar planos conjuntamente com a Universidade, Anvisa, Proteste e Ministério Público. “A ideia é debater estratégias de capacitação, acompanhamento e traçar políticas públicas para o setor. Não pretendemos apontar culpados, mas propor ações para melhorarmos daqui para frente já que todos nós estamos sujeitos a este tipo de alimentação”, explicou o engenheiro de alimentos Marcelo Cristianini, coordenador do Núcleo de Pesquisas em Alimentação (Nepa) da Unicamp. “A pesquisa foi feita porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) irá instituir um selo de qualidade para a classificação dos estabelecimentos que comercializarão alimentos durante a Copa. Na Europa, a Dinamarca conta com um modelo similar. Mas a proposta é que o selo e a fiscalização não sejam estipulados somente durante o evento esportivo, mas que a preocupação com a qualidade dos alimentos seja algo permanente em todo o país, informou a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci. Os estabelecimentos da pesquisa já estão aptos a funcionar porque já dispõem de alvará sanitário. A diferença é que a Anvisa divulgará a performance de cada um deles. “A ideia é que isso seja também uma forma de estímulo para que estes comércios qualifiquem seus funcionários, melhorem suas instalações e condições de limpeza”, explica Ângela de Castro, que atua na gerência de inspeção e controle de riscos alimentares da agência.