Leia artigo de Jonas Tadeu Parisotto, secretário de assuntos jurídicos da Oscip PIRA 21
A Agenda 2030 é um dos desdobramentos da ECO-92. Esse novo plano de ação recalibra os anteriores e surge em 2015 “pelas mãos” de 193 Estado-membros da ONU, com a missão de, através de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e 169 metas, promover vida digna a todos com o estabelecimento de metas para erradicar as desigualdades sociais no âmbito global.
E a bicicleta, onde entra nisso? Explico: A bicicleta é sinônimo de sustentabilidade, desde a sua construção e o seu uso, a meu ver, é uma das embaixadoras da Agenda 2030, pois assegura uma vida saudável, promove o bem-estar em todas as idades e segmentos sociais e está presente nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, segundo estudos da European Cyclist Federation e União de Ciclistas do Brasil.
A bicicleta é um meio de transporte barato. Jovens e adultos a usam para ir à escola, ao trabalho, para o lazer e com a valorização desse modal, surgem oportunidades de negócios, pois a bicicleta pode auxiliar no escoamento da produção do agricultor familiar e com o benefício de não utilizar combustíveis fósseis ou biocombustível.
O uso constante da bicicleta promove a saúde e desonera os órgãos de saúde públicos, promove a igualdade de gênero já que o seu uso, antes quase uma exclusividade dos homens, é cada vez maior pelas mulheres que lutam, também, por espaços na cidade.
A produção das bicicletas e o uso no dia a dia, impactam menos no meio ambiente e a poluição que proporciona é quase zero e torna o uso da energia racional, bem como gera empregos diretos e indiretos e novas oportunidades de negócios.
Os espaços viários ocupados pelas bicicletas são marcados pela inovação e estrutura menos complexa que a dos veículos automotores, permitindo-se o uso compartilhado com outros modais ativos, promovendo a integração das pessoas e nos leva a um novo olhar e a refletir sobre o lixo que produzimos e o seu destino e nos torna menos ávidos a consumir desenfreadamente.
Verdadeira promotora da paz no trânsito em razão da baixa velocidade que lhe é imprimida, a bicicleta concorre, comprovadamente, para a humanização do tráfego nas cidades. A busca incessante por petróleo ainda é motivo de guerra que leva à morte milhares de pessoas, dessa forma, o uso da bicicleta é a ferramenta ideal minimizar a exploração desse recurso natural.
As parcerias e metas são fundamentais para fortalecer ainda mais movimentos que têm surgido em prol do uso da bicicleta como meio de transporte sustentável. Os ciclistas de Piracicaba, por exemplo, têm plena consciência de seu papel perante a sociedade e o poder público e contam com dois parceiros, dentre outros, que são a Oscip Pira 21 e o movimento Mais Ciclovias Piracicaba para estimular o uso da bicicleta cada vez mais e postular e monitorar políticas públicas que visam o desenvolvimento sustentável.
A meu ver, a bicicleta realmente pode ser guindada como símbolo dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) trazidos pela Agenda 2030. O uso da bicicleta está em plena expansão em Piracicaba e no mundo todo, trazendo os mais diversos benefícios, sobretudo ao desenvolvimento sustentável. A mobilidade ativa é direito previsto em legislação e o compartilhamento do trânsito humanizado e responsável é dever do poder público e direito da população.
Jonas Tadeu Parisotto é secretário de assuntos jurídicos da Oscip PIRA 21 – Piracicaba Realizando o Futuro, presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da OAB de Piracicaba e ciclista.