Região Metropolitana de Piracicaba

16,28% da população vivem em condições de pobreza

A extrema pobreza e a pobreza são medidas pela renda mensal per capita, sendo o primeiro grupo com até R$ 105,00 por pessoa e o segundo, entre R$ 105,01 a R$ 210,00 por pessoa

Romualdo Cruz Filho
14/12/2022 às 07:28.
Atualizado em 14/12/2022 às 07:28

A extrema pobreza e a pobreza são medidas pela renda mensal per capita (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

De acordo com o indicador de Vulnerabilidade Social - correspondente aos registros no Cadastro Único do Governo Federal (CadÚnico) -, até agosto deste ano, 201.198 pessoas viviam em situação de pobreza ou extrema pobreza na Região Metropolitana de Piracicaba (RMP), sendo 81.322 delas com menos de 15 anos e 9.912 com mais de 60 anos. 

A extrema pobreza e a pobreza são medidas pela renda mensal per capita, sendo o primeiro grupo com até R$ 105,00 por pessoa e o segundo, entre R$ 105,01 a R$ 210,00 por pessoa. Na área de abrangência do estudo, 16,28% da população sobrevivem nessas condições.

Essas informações estão coletadas no boletim da Região Metropolitana de Piracicaba (RPM), elaborado por professores ligados à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). São eles: Cristiane Feltre, Dimas Alcides Gonçalves e Eliana Tadeu Terci

Dentre os municípios em condições críticas, com renda mensal per capita inferior a R$ 210,00, destacam-se Mombuca, com mais de 37% da população afetada. Em Elias Fausto, Conchal, Rafard e Santa Maria da Serra, mais de 20% da população também se encontram nesse padrão socioeconômico. 

O número de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza cresceu expressivamente no Brasil nos últimos anos. Os dados mais recentes do IBGE (2021) informam que a pobreza alcançou 62,5 milhões de pessoas ou 29,4% da população do país e dentre essas pessoas, 17,9 milhões, ou 8,4% vivem em condição de extrema pobreza. 

"Há ainda que se considerar o agravante de que a população vivendo em situação de extrema pobreza cresceu mais rápido que aquela parcela vivendo em situação de pobreza. Parte desses resultados ocorreu em função da dificuldade de se gerar crescimento sustentado no país, especialmente após 2016, o que foi agravado com a crise sanitária iniciada em 2020, e que acabou intensificando o crescimento do desemprego, do subemprego e do trabalho informal e precarizado", analisam os professores.

Eles observa, ainda que a situação se complicou devido à "incapacidade do governo de adotar medidas eficazes contra a inflação, provocando perdas do poder de compra da população, especialmente as de renda média e baixa. O citado estudo do IBGE aponta que entre 2020 e 2021 o rendimento domiciliar recuou mais entre os mais pobres: os 10% mais pobres da população tiveram uma perda de rendimento domiciliar equivalente a 32,2%, enquanto que para a faixa de renda seguinte (entre os 10,1% e 20% mais pobres), a perda foi equivalente a 19,8% no rendimento domiciliar".

O reflexo imediato da situação, no entender dos analistas, é a fome, que atinge 33,1 milhões de pessoas, "além do fato alarmante de que somente quatro entre dez famílias conseguem acesso pleno a alimentação, ou seja, mais da metade da população brasileira (58,7%) convive com algum grau de insegurança alimentar". Os dados, conforme boletim, são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede PENSAN.

Os especialistas entendem que além das políticas tradicionais de geração de emprego que o próximo governo pode adotar para reduzir o número de pessoas fora do mercado de trabalho, "há que se considerar que uma parcela da população brasileira em situação de pobreza ou extrema pobreza não está elegível para o mercado de trabalho - como idosos (6,5 milhões de pessoas ou 10,4% de pobres), crianças (20,75 milhões de pessoas ou 32,2% do total de pobres), além de adultos em estado incapacitante. Para esta parcela é necessária a facilitação ao acesso a benefícios sociais, como o Auxílio Brasil e o Benefício da Prestação Continuada", concluem.

Compõem a RMP os municípios de Águas de São Pedro, Analândia, Araras, Capivari, Charqueada, Conchal, Cordeirópolis, Corumbataí, Elias Fausto, Ipeúna, Iracemápolis, Leme, Limeira, Mombuca, Piracicaba, Pirassununga, Rafard, Rio Claro, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Cruz da Conceição, Santa Gertrudes, Santa Maria da Serra e São Pedro.

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