INTERNACIONAL

A guerra, um drama compartilhado por três gerações de família sul-coreana

O avô lutou contra os norte-coreanos, o filho cresceu os odiando e o neto os observou durante o serviço militar

AFP
24/06/2020 às 09:47.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:00

O avô lutou contra os norte-coreanos, o filho cresceu os odiando e o neto os observou durante o serviço militar. Três gerações de uma família sul-coreana falam da Coreia do Norte 70 anos após o início da Guerra da Coreia.

O conflito que começou em junho de 1950 terminou três anos depois com um armistício, mas nenhum tratado de paz encerrou a guerra formalmente.

Desde então, os exércitos do Norte e do Sul ainda se observam da Zona Desmilitarizada (DMZ), às vezes descrita como a última fronteira da Guerra Fria.

Yang Tae-sung, 89 anos, lembra-se claramente do dia de verão da invasão.

Como soldado, ele retornava de sua licença em 25 de junho de 1950, quando foi levado diretamente, ao desembarcar do trem, para um campo de batalha ao norte de Seul.

Mal equipado, o Exército do Sul não estava pronto para a guerra, diz.

Tinha cerca de 103.000 soldados e nenhum tanque. Com o apoio de Moscou, as forças do Norte, o Exército Popular da Coreia (CPA), somavam o dobro de homens e centenas de tanques, caças e navios de guerra.

Encarregado de fornecer munição para a linha de frente, Yang mergulhou brutalmente no horror da guerra.

Sua coxa esquerda ainda tem a cicatriz de uma ferida recebida durante o bombardeio de sua unidade por um caça inimigo, um bombardeio que matou um amigo próximo.

"Quando recuperei a consciência, vi o sangue fluir de seu corpo", lembra ele. "Estilhaços perfuraram meu estômago e saíram por trás", diz.

Sete décadas depois, ele ainda é assombrado pela visão de outro soldado cuja ferida estava infestada de vermes.

Esperava a reunificação pacífica da península, mas sob a liderança de Seul, sem deixar de suspeitar da Coreia do Norte, que, segundo ele, continua a violar os acordos inter-coreanos.

A Coreia do Sul, ele acredita, deve estar pronta para a próxima invasão.

"A geração nascida após a guerra não percebe o quão violenta e devastadora foi", afirma.

Nascido seis anos depois do fim das hostilidades de 1953, Yang Kyung-mo, de 61 anos, cresceu durante a Guerra Fria, quando Pyongyang ainda realizava ataques esporádicos contra o Sul.

"Desde muito novo me ensinaram que a Coreia do Norte era o mal absoluto", diz.

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