ELEIÇÕES 2020

Abstenção pode aumentar em Piracicaba

Nas eleições de 2016 a abstenção em Piracicaba foi de 21,29% e com pandemia nesse ano pode aumentar

Adriana Ferezim
adriana.ferezin@gazetadepiracicaba.com.br
20/10/2020 às 21:11.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:14

Covid-19 deve afastar mais eleitores das urnas neste ano (Elza Fiúza / ABr)

Os 12 candidatos a prefeito e os 550 candidatos a vereadores de Piracicaba não têm de lutar apenas contra a concorrência e apresentar a melhor proposta aos eleitores para ganharem os votos. Há 25 dias da eleição, eles estão lidando com a possibilidade de menos eleitores comparecerem às urnas neste ano por causa da pandemia da Covid-19. A abstenção das eleições municipais de 2016 foi de 21,29% e a expectativa é que nesse ano ela possa ser um pouco maior em razão da doença. A votação do primeiro turno neste ano será no dia 15 de novembro. O segundo turno, no dia 29 de novembro. A socióloga e mestre em história Conceição Fornasari disse que é difícil mensurar a abstenção. "A tendência é de um aumento porque a pandemia ainda não está sob controle", afirmou. O número de eleitores que não votaram em 2016 é alto, 60.418. Esses 21,29% dos 283.814 aptos a votarem estão próximos da média da abstenção do país de 20,68%, apuradas entre 1945 e 2018 nas eleições presidenciais, num trabalho feito pelo professor Leujeune Mirhan, segundo Conceição. "As eleições municipais são mais próximas das pessoas e isso pode motivar o comparecimento às urnas, o que poderia contribuir para reduzir a abstenção em relação à eleição nacional de 2018 que ficou em 20,33%, mas esse ano de 2020 é atípico", disse. Em relação à pandemia há duas situações, ela avalia. "Há candidatos que usam o discurso forte e poderoso que influencia eleitores de negar a ciência e a doença e isso talvez motive os eleitores a irem votar. Por outro lado, há os candidatos que, como seus eleitores, defendem a ciência, a democracia, querem o país mais justo e com as medidas de segurança incentivam os seus eleitores para irem votar neles", afirmou. As pessoas com medo, do grupo de risco tendem a não ir às urnas, conforme a professora. A projeção para 2020, mesmo em hipótese é difícil. "Temos essa tragédia avassaladora que atingiu o mundo e ainda afeta o Brasil. continuamos com muitos mortos e novos casos quase todos os dias. Para uma situação de controle, as organizações de saúde indicam ter menos de cinco novos casos diários. Para o controle, menos de um novo caso ao dia", afirmou. O que pode também pertinentemente influenciar na análise dessa eleição é a crise, econômica, sanitária, política e até a humanitária. "Elas podem impactar no voto também", comentou. Quem faltou Em 2016, nas eleições, os faltosos eram 21,3% homens e 21,2% mulheres. Entre esses que não foram às seções eleitorais 30.414 eleitores eram solteiros e 24.127 casados. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam ainda que na faixa de risco da pandemia, muitos eleitores piracicabanos acima dos 70 anos, na qual o voto não é obrigatório, deixaram de votar em 2016. Foram 4.833 eleitores de 70 a 74 anos, 4.835 de 75 a 79 anos e 4.018 entre 80 e 84 anos. No entanto, os mais jovens também faltaram na última eleição municipal. Há quatro anos, 5.536 jovens de 25 a 29 anos não foram votar. Na faixa etária de 35 a 39 anos, se abstiveram 5.194 eleitores. Os votos brancos e nulos naquela eleição alcançaram 10,37%. A socióloga afirma que o branco é uma opção do eleitor, porque a urna eletrônica prevê o voto branco. Já o nulo, acontece por um erro na digitação dos números ou por erro proposital o eleitor insere números que não existem na hora do voto. História Segundo a socióloga, a abstenção está ligada ao fato de que no Brasil o voto é obrigatório, nunca foi facultativo. "Eu concordo com isso, porque é um ato importantíssimo de exercício da democracia, do cidadão poder dizer ao país que quer isso ou aquilo. Ainda que, algumas vezes, isso seja extremamente cruel com o país, estados e municípios", comentou. Ela ressalta que o ápice da abstinência de votos no Brasil foi em 1950. Naquele ano houve 27,90% de abstenção entre os eleitores. Em 1955, chegou a 40,32% de faltosos. Essa análise é sobre as eleições presidenciais. "Depois a menor abstenção que veio com o crescimento de votos brancos e nulos, foi em 1989, quando 11,93% se abstiveram de votar. Foi a primeira eleição para presidente pós-ditadura", contou.

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