Dois anos após a morte de 102 pessoas em um dos incêndios mais mortais da história da Grécia, a revelação de uma suposta pressão para "enterrar" provas abalou a investigação judicial sobre possíveis falhas dos serviços de emergência em 23 de julho de 2018 em Mati
Dois anos após a morte de 102 pessoas em um dos incêndios mais mortais da história da Grécia, a revelação de uma suposta pressão para "enterrar" provas abalou a investigação judicial sobre possíveis falhas dos serviços de emergência em 23 de julho de 2018 em Mati.
Nesse local altamente valorizado pela classe média grega, cerca de 30 km a nordeste de Atenas, 102 pessoas morreram.
Muitos se afogaram no mar tentando escapar das chamas, mas a maioria foi queimada até a morte em seus carros ou casas.
O líder de esquerda Alexis Tsipras, que dirigia o governo, destacou a dificuldade de evacuar vítimas naquele dia, com ventos de quase 120 km/h.
A polícia e os bombeiros emitiram relatórios conflitantes. A Justiça acusou 20 funcionários do corpo de bombeiros, polícia portuária e proteção civil, bem como autoridades locais, por "negligência criminal".
Durante o processo, ainda em andamento, Dimitris Liotsios, o oficial de bombeiros encarregado da investigação, supostamente foi pressionado por seu chefe para "enterrar" e "encobrir" elementos da investigação por ordens de "alto nível", relata o jornal grego Kathimerini.
Segundo o jornal conservador, Liotsios, que já havia recebido ameaças, secretamente gravou uma conversa com seu chefe Vassilis Mattheopoulos em seu telefone celular e entregou a gravação às autoridades judiciais.
Kathimerini revela que Mattheopoulos ordenou que o investigador "ficasse quieto" para "evitar" represálias de seus superiores no corpo de bombeiros e no Ministério do Interior.
"Se você escrever reprovações a seus superiores, nós fecharemos fileiras e destruiremos você", disse o chefe, segundo o jornal.
O primeiro-ministro conservador Kyriakos Mitsotakis chamou o artigo de "aterrorizante".
"Agora está claro que houve uma tentativa de encobrimento", disse o chefe de governo, eleito há um ano.
Segundo os depoimentos, os moradores não foram alertados para o perigo iminente.
Em vez de afastá-los do desastre, alguns motociclistas foram até desviados por engano para a zona de incêndio e morreram presos pelas chamas nos becos de Mati.
Alguns moradores entraram com ações judiciais.
Quatro altos funcionários, incluindo o então ministro da Polícia Nikos Toskas, bem como vários chefes das forças de segurança e bombeiros foram forçados a renunciar ou foram destituídos do cargo.