INTERNACIONAL

Advogados de Trump no tribunal da opinião pública

Em letras maiúsculas, a mensagem escrita em uma rua de San Francisco chama a atenção: "Contem todos os votos

AFP
13/11/2020 às 10:06.
Atualizado em 24/03/2022 às 01:05

Em letras maiúsculas, a mensagem escrita em uma rua de San Francisco chama a atenção: "Contem todos os votos. Jones Day: Não toque em nossos votos".

O escritório de advocacia Jones Day está trabalhando com o presidente americano, Donald Trump, em sua missão contra o resultado das eleições da semana passada.

Trump e vários aliados republicanos se recusam a admitir que o democrata Joe Biden venceu as eleições e denunciam uma fraude, enquanto contestam os resultados em vários estados.

Mas falta o crucial: alguma prova da suposta fraude. A situação deixa advogados da Jones Day e de outros escritórios em uma corrida contra o tempo, algo que ativistas políticos e advogados acusam de minar a democracia.

O grupo contrário ao presidente The Lincoln Project denunciou no Twitter a Jones Day e a empresa jurídica Porter Wright, que também luta por Trump.

"Funcionários da @JonesDay & @PorterWright; vocês pensam que seus escritórios deveriam tentar mudar a vontade do povo americano?", tuitou o Lincoln Project.

Alguns advogados também criticaram os colegas.

"Quanto mais eles se aventuram na toca do coelho da conspiração de Trump, armados apenas com processos fúteis com base em evidências, ou bases legais, frágeis, mais suas reputações profissionais e licenças legais estão em risco", alertaram os advogados Bradley Moss e Joanne Molinaro em um artigo na revista The Atlantic.

O código de ética da American Bar Association, a Ordem dos Advogados dos Estados Unidos, proíbe apresentar a um tribunal reivindicações "frívolas", ou seja, sem méritos legais, ou provas, de acordo com Joshua Davis, do Centro de Direito e Ética da Universidade de San Francisco.

"Muitos casos (de Trump contra os resultados eleitorais) parecem estar muito próximos da linha e, talvez, já tenham atravessado a linha para se tornarem frívolos", disse Davis.

É raro, porém, que juízes, ou associações profissionais, imponham sanções por violação da norma. Davis disse à AFP que é improvável que agora desejem entrar "neste tipo de confusão política".

O professor de Direito Bruce Green, da Universidade Fordham, tem outra abordagem.

"Acho que a verdadeira crítica não é tanto que sejam casos frívolos", disse ele, "mas que não vão ganhar".

"E, mesmo caso prevaleçam, não vão mudar o resultado da eleição", completou.

Ele disse que, provavelmente, os advogados estão motivados por sua lealdade aos republicanos e que o trabalho deles permite ao partido aumentar a arrecadação para custear a batalha legal.

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