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África ocidental pede 'união' e ameaça Mali, que cede prontamente

Os 15 chefes de Estado da Comunidade Econômica da África Ocidental (CEDEAO) exortaram, nesta segunda-feira (27), o Mali a uma "união sagrada" e propuseram soluções para resolver a crise que sacode o país desde junho, ameaçando com "sanções" quem se opuser, sendo prontamente atendidos

AFP
27/07/2020 às 18:49.
Atualizado em 25/03/2022 às 18:05

Os 15 chefes de Estado da Comunidade Econômica da África Ocidental (CEDEAO) exortaram, nesta segunda-feira (27), o Mali a uma "união sagrada" e propuseram soluções para resolver a crise que sacode o país desde junho, ameaçando com "sanções" quem se opuser, sendo prontamente atendidos.

Os chefes de Estado da região, que temem uma desestabilização do Mali, epicentro da ameaça jihadista no Sahel, apoiaram durante uma cúpula virtual os esforços de mediação feitos há semanas pela CEDEAO, informou seu presidente em exercício, o presidente nigerino Mahamadu Issufu.

E pela primeira vez, falaram em um "regime de sanções" contra "aqueles que realizarem atos contrários ao processo de normalização", afirmou Issufu, segundo uma cópia de seu discurso ao final da reunião, que durou cerca de três horas.

Os chefes de Estado da África ocidental, que em sua maioria apoiam o presidente Ibrahim Boubacar Keita, pediram para que se faça "tudo o possível" para se conseguir a "demissão imediata dos 31 deputados cuja eleição foi questionada, inclusive o presidente do Parlamento", Moussa Timbiné.

Estas demissões abririam a via a legislativas parciais.

A cúpula pediu, ainda, uma "recomposição rápida do Tribunal Constitucional" e defendeu a formação de um "governo de união nacional com a participação da oposição e da sociedade civil", excluindo uma saída forçada de Keita, em respeito às regras constitucionais comuns à CEDEAO.

As ameaças dos líderes regionais surtiram efeito imediato: nesta segunda-feira, o presidente Keita anunciou a formação de um governo de seis membros, comandado pelo primeiro-ministro Bubu Cissé, para negociar a formação de um governo de união nacional no Mali.

"Este governo será constituído pelos Ministérios seguintes: Defesa, Justiça, Segurança, Administração Territorial, Relações Exteriores, Economia e Finanças", informou a secretária-geral da Presidência, Kamissa Camara, à emissora pública ORTM.

A este clima de exasperação, alimentado há anos pela instabilidade no centro e no norte do país, a crise econômica e a corrupção considerada endêmica, somou-se a anulação, pelo Tribunal Constitucional, de cerca de 30 resultados nas legislativas de março e abril, vistas como um desencadeador da situação atual.

Os líderes da oposição no Mali, cuja figura principal é o influente imã Mahmud Dicko, rejeitaram até o momento se unir a este governo, destacando que os problemas superavam as simples questões eleitorais.

Apesar destas reticências, a CEDEAO "incentiva" o Movimento de 5 de Junho, que lidera o protesto, a participar deste Executivo em uma essência de patriotismo.

A reunião de segunda-feira, que retomou em linhas gerais o plano do mediador oficial da CEDEAO, o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, anunciou que os ministros "poderão ser nomeados antes da formação de um governo de união nacional", segundo Issufu, sem dar detalhes sobre o modo de atribuição das pastas.

Em 10 de julho, a terceira grande manifestação da oposição resultou em três dias de distúrbios, que deixaram 11 mortos em Bamako, segundo o primeiro-ministro Bubu Cissé, embora a Missão da ONU no país (MINUSMA) tenha contabilizado 14 falecidos.

A cúpula da CDEDEAO pediu uma investigação para determinar a responsabilidade destes distúrbios, que a oposição atribui aos membros de uma força antiterrorista especial, sem ter fornecido provas.

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